NA LUPA 🔎
BLOG DO EDNEY
PT em Pernambuco entre o Palácio das Princesas e a Prefeitura do Recife
A aproximação de Raquel Lyra ao PSD e o impacto nas alianças estratégicas do Partido dos Trabalhadores no estado
Raquel Lyra, PSD e a Conexão com Lula
A notícia de que a governadora Raquel Lyra (PSDB) poderia se filiar ao PSD movimentou os bastidores da política pernambucana. A mudança, anunciada pelo colunista Lauro Jardim, promete uma nova dinâmica entre Raquel, o presidente Lula e o PT em Pernambuco. O deputado estadual João Paulo Silva (PT), uma das principais lideranças petistas próximas a Raquel, afirmou que essa migração de Raquel para o PSD facilitaria um alinhamento mais profundo entre ela e Lula, reforçando as conexões entre o governo estadual e o governo federal. Na visão do deputado, o PT poderia ganhar força ao lado de Raquel, já que a aproximação fortaleceria o partido no estado e enfraqueceria adversários, como o prefeito do Recife, João Campos (PSB).
Para João Paulo, o histórico recente é claro: enquanto João Campos teve uma postura hesitante em relação ao PT, a governadora Raquel tem dado sinais de abertura ao diálogo. Essa abertura coloca o partido em uma posição de vantagem estratégica e permitiria ao PT, caso a aliança com Raquel avance, uma presença mais ampla no cenário estadual. O deputado vê na filiação ao PSD uma oportunidade para que Raquel intensifique sua conexão com Lula, o que poderia consolidar sua popularidade no estado e atrair o apoio petista, inclusive nas disputas futuras.
João Campos e o PT: Aliança Empecilhada ou Necessidade Política?
A relação entre João Campos e o PT tem sido marcada por tensões e frustrações. João Paulo Silva criticou abertamente o prefeito por, durante a campanha de 2020, não oferecer o cargo de vice ao PT, apesar das negociações. A legenda, que buscava maior representatividade na gestão municipal, se viu desconsiderada e, segundo João Paulo, até "humilhada". Agora, com a possibilidade de o PT firmar laços mais fortes com Raquel Lyra, João tenta acenar para o partido ao manter secretarias com representação petista. João Paulo interpreta esse movimento como uma resposta ao avanço de Raquel e do próprio PT, que poderia limitar as pretensões do prefeito de se candidatar ao governo estadual em 2026.
Diante desse cenário, o deputado defende que o PT reconsidere sua estratégia. Para ele, o momento exige que o partido mantenha certa autonomia, sem compromissos definitivos com João ou Raquel. Essa postura independente permitiria ao PT observar o desenvolvimento das alianças até 2026, quando poderia decidir se compor com um dos dois lados de forma mais vantajosa. No entanto, João Paulo deixa claro que, se depender dele, o apoio deveria se inclinar para Raquel Lyra, com quem a relação está mais bem estabelecida.
O PT e o Jogo de Alianças: Deixar o Tabuleiro Aberto até 2026?
Esse embate interno no PT pernambucano reflete a complexa situação política do estado. Embora João Paulo Silva veja com bons olhos a aproximação com Raquel, ele reconhece que não decide sozinho e que, no cenário atual, a legenda poderia optar por um entendimento tanto com Raquel quanto com João, visando fortalecer o partido para as próximas eleições. No entanto, ele defende que o partido não se apresse em comprometer-se. Para o deputado, adotar uma posição neutra até 2026 poderia permitir ao PT conquistar mais espaço e escolher um lado com maiores garantias de participação e poder político.
O dilema, portanto, é se manter alinhado com a governadora Raquel ou preservar laços com o prefeito do Recife. Esse impasse ressalta uma divisão no PT de Pernambuco, com alguns integrantes preferindo fortalecer a aliança com o governo estadual e outros ainda alinhados com João Campos. Essa divisão poderá afetar diretamente a estratégia de ambos os lados nas próximas eleições.
O Cancelamento da Visita de Nísia Trindade: Sinal de Desalinhamento?
Enquanto o PT reflete sobre suas alianças no estado, o partido enfrentou um revés inesperado no último final de semana. A visita da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que estava prevista para anunciar investimentos significativos na saúde pública de Pernambuco ao lado do senador petista Humberto Costa, foi cancelada sem explicações claras. Segundo Humberto, a ministra teria sido chamada a Brasília por uma "agenda de última hora". Entretanto, uma fonte interna do PT relatou que a situação despertou suspeitas entre membros da executiva estadual, que acreditam que o cancelamento possa ter uma motivação política.
A visita de Nísia Trindade ao Recife era ansiosamente aguardada, uma vez que incluía o anúncio de investimentos substanciais para o estado. A única novidade prevista para a Prefeitura do Recife seria uma policlínica na avenida Norte, enquanto o restante dos recursos beneficiaria diretamente o governo estadual. A ausência de Nísia enfraquece temporariamente a posição do senador Humberto Costa e levanta questionamentos sobre a relação entre o Ministério da Saúde e a gestão do prefeito João Campos, especialmente em um momento em que o PT avalia suas opções de alianças.
O PT, a Nova Dinâmica Política em Pernambuco e o Futuro das Alianças
O atual cenário político em Pernambuco deixa o PT em uma posição delicada. A legenda se encontra entre uma potencial aliança com Raquel Lyra e o fortalecimento dos laços com João Campos, cada qual com suas vantagens e riscos. João Paulo Silva, em sua análise, expressa uma preferência clara pela aproximação com Raquel, o que poderia assegurar ao partido uma posição de destaque no estado, especialmente diante das aspirações de Campos em 2026. Mas, ao mesmo tempo, essa aliança pode dividir o partido internamente, enquanto a decisão definitiva fica em suspenso.
O cancelamento da visita da ministra Nísia Trindade adiciona mais um capítulo de incerteza, aumentando as especulações sobre uma possível instabilidade nas relações políticas do PT com a Prefeitura do Recife e acirrando o debate sobre qual caminho o partido deve seguir. Em um estado onde as forças políticas parecem em constante reconfiguração, o PT pernambucano precisará decidir se é mais vantajoso consolidar suas alianças agora ou esperar para se posicionar como um dos protagonistas das próximas eleições estaduais. É isso!