Foragidas do 8 de janeiro estão presas nos EUA aguardando deportação
Quatro bolsonaristas foragidas pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 tiveram um verdadeiro choque de realidade ao serem presas nos Estados Unidos ao tentarem entrar ilegalmente no país. Identificadas como Raquel, Michely, Rosana e Cristiane, elas foram detidas pela Imigração dos EUA e aguardam a deportação para o Brasil. Três delas foram capturadas um dia após a posse de Donald Trump como presidente, em janeiro deste ano. As quatro mulheres haviam fugido para a Argentina no primeiro semestre de 2024, mas, diante do pedido de extradição feito pelo governo brasileiro, buscaram refúgio nos Estados Unidos, onde acabaram sendo presas. A prisão foi confirmada pelo ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), que declarou que as foragidas aguardam a expulsão para seus países de origem e já estão detidas há mais de 50 dias. Além delas, outros participantes dos ataques às sedes dos Três Poderes permanecem na Argentina, na Colômbia e no Peru. A permanência do grupo na Argentina tornou-se insustentável após mandados de prisão serem expedidos pela Justiça local em novembro de 2024, o que levou à tentativa frustrada de ingressar nos Estados Unidos. Os envolvidos alegam perseguição política e negam ter cometido crimes de tentativa de golpe de Estado ou dano ao patrimônio público, apesar das investigações e condenações no Brasil. A busca por abrigo no governo Trump mostrou-se ineficaz, pois a administração norte-americana manteve o controle rigoroso da imigração e não ofereceu proteção aos fugitivos. A realidade que encontraram nos EUA foi bem diferente do que esperavam.
Quem são as fugitivas:
Raquel de Souza Lopes, de 51 anos, é natural de Joinville (SC). Ela foi condenada a 17 anos de prisão por cinco crimes, como golpe de Estado, associação criminosa e dano ao patrimônio público, e possui mandado de prisão aberto no Brasil. Ela nega que tenha destruído bens.
No mês de abril 2024, ela fugiu com um grupo de militantes por meio do norte de Santa Catarina para a Argentina. Ela permaneceu no País vizinho até 17 de novembro. Depois, foi para o Chile e cruzou o deserto do Atacama e chegou ao Peru pela cidade de Santa Rosa. Rumo à Colômbia entrou no México, e no dia 12 de janeiro tentou entrar nos EUA pela cidade de La Grulla, no Texas, onde acabou sendo detida. Em 19 de janeiro, transferida para a Unidade de Detenção da ICE EI Valle, em Raymondville (EUA).
Rosana Maciel Gomes, 51, é natural de Goiânia (GO). Ela foi condenada a 14 anos de prisão por cinco crimes relacionados ao 8 de janeiro, e há dois mandados de prisão abertos e uma ordem de extradição na Argentina.
Em janeiro de 2024, ela fugiu para o Uruguai. No mês de abril, chegou a Buenos Aires, na Argentina, onde permaneceu até novembro. Depois, partiu com um grupo para o México. Ela foi presa no dia 21 de janeiro de 2025 ao tentar entrar nos EUA pela cidade de El Paso. No dia 27 de janeiro, transferida para a detenção da Imigração na mesma cidade.
Segundo a defesa no STF, Rosana “entrou no Palácio do Planalto viu que os bens públicos estavam danificados e não danificou qualquer bem, tanto que ficou em estado de choque de ver uma situação daquela”.
Michely Paiva Alves, 38 anos, é de Limeira, em São Paulo. A comerciante é ré por cinco crimes no 8 de janeiro, e tem um mandado de prisão em aberto. De acordo com a Polícia Federal, ela organizou e financiou um ônibus com 30 pessoas de Limeira para Brasília, e admitiu o ocorrido aos investigadores.
A defesa de Alves disse que “não há provas de que a acusada depredou o Congresso Nacional, bem como [de que] participa de movimentos criminosos”. A comerciante fugiu para a Argentina em setembro de 2024, e, no mês seguinte, embarcou aos EUA, onde foi presa em 21 de janeiro na cidade de El Paso.
Cristiane da Silva, 33 anos, é de Balneário Camboriú, Santa Catarina. A garçonete foi condenada pelo STF a um ano de prisão por associação criminosa e incitação ao crime nos atos de 8 de janeiro, e possui um mandado de prisão no Brasil. A defesa dela afirmou que “não estava envolvida no protesto e sequer esteve acampada durante dias” na frente de quartel do Exército. Também ressaltou que ela foi a Brasília “para passear”.
Cristiane fugiu em junho de 2024 para Buenos Aires. No mês de novembro se juntou a um grupo rumo aos EUA, onde foi presa tentando passar pela cidade de El Paso