A cidade de Água Preta, na Mata Sul de Pernambuco, testemunha um dos episódios mais marcantes de sua história política recente: a união entre o prefeito Miruca (PSB) e seu ex-adversário Tonhão (PP), após uma eleição municipal acirrada em 2024. Com uma diferença de apenas 63 votos — Miruca foi reeleito com 7.997 votos, contra 7.934 de Tonhão —, os dois líderes travaram uma das disputas mais intensas já registradas no município. Menos de um ano após o pleito, os antigos rivais surpreenderam aliados e adversários ao selar uma aliança que reconfigura todo o cenário político local. A união não apenas encerra uma rivalidade histórica, como também cria um dos maiores blocos de apoio já vistos em Água Preta, tendo como ponto de convergência o apoio ao jovem Lula da Fonte.
Filho do deputado federal Eduardo da Fonte, presidente estadual do Progressistas e pré-candidato ao Senado Federal em 2026, Lula da Fonte tem sido o elo entre diferentes grupos políticos em diversas cidades do interior. Em Água Preta, sua presença e articulação foram decisivas para construir o diálogo entre Miruca e Tonhão, intermediando encontros e abrindo espaço para uma agenda conjunta voltada ao desenvolvimento da cidade. Nos bastidores, o acordo foi costurado com cautela, passando por conversas reservadas, sinalizações públicas e reuniões com aliados estratégicos. A pacificação entre os dois líderes tem sido celebrada por empresários locais, lideranças religiosas e comunitárias que esperam ver, a partir de agora, mais obras, investimentos e serviços voltados para as necessidades reais da população.
Miruca, em seu segundo mandato, enxerga na união uma chance de ampliar sua base de apoio, ganhar fôlego político e garantir estabilidade administrativa até o fim da gestão. Tonhão, por sua vez, que obteve quase metade dos votos válidos em 2024, mantém seu capital político e ingressa no grupo com espaço privilegiado nas decisões que envolvem os rumos da cidade. A aliança é também um recado à oposição, que agora se vê diante de uma força política consolidada, com articulação estadual e respaldo das urnas.
A movimentação tem reflexos diretos na organização das chapas proporcionais para 2026. Vereadores, suplentes e pré-candidatos já buscam se posicionar dentro do novo bloco, que promete formar uma frente ampla em apoio à candidatura de Eduardo da Fonte ao Senado. O gesto de união entre Miruca e Tonhão é interpretado como sinal de maturidade política, indicando que, apesar das diferenças do passado, ambos compreenderam a necessidade de construir pontes em vez de manter muros. A cidade, marcada por ciclos de rivalidade, agora tem diante de si a possibilidade de uma gestão mais coesa, sustentada por uma base diversa e plural.
A costura dessa aliança tem sido vista por analistas como estratégica também para o fortalecimento do PP em Pernambuco, que aposta no nome de Eduardo da Fonte como peça-chave no tabuleiro nacional. A participação ativa de Lula da Fonte nesse processo, circulando pelas bases e reunindo apoios, o consolida como herdeiro político e interlocutor direto das novas lideranças municipais. Em Água Preta, a imagem dos três juntos — Miruca, Tonhão e Lula — representa mais do que um acordo eleitoral: simboliza uma mudança de postura, uma abertura ao diálogo e uma aposta no futuro. A aliança, construída sobre os escombros de uma eleição polarizada, pode ser o ponto de partida para um novo capítulo na história política do município.