A homologação da federação partidária entre Progressistas (PP) e União Brasil detonou, em Pernambuco, uma batalha que promete reorganizar — e incendiar — o tabuleiro político do Estado nos próximos meses. O que era para ser apenas um ato formal de registro rapidamente se transformou em um duelo de força, influência e sobrevivência, colocando frente a frente duas das figuras mais competitivas da política pernambucana: Eduardo da Fonte e Miguel Coelho.
De um lado, Eduardo da Fonte, conhecido pela habilidade em operar articulações internas, afirma possuir respaldo integral no estatuto da federação para comandar a sigla no território pernambucano. Fontes ligadas ao parlamentar garantem que ele se movimentou com antecedência, alinhando diretórios, lideranças municipais e quadros históricos do PP para sustentar o argumento de legitimidade. Sua atuação, descrita como silenciosa porém meticulosa, mira preservar o espaço que conquistou nos últimos anos e manter a federação como extensão natural de sua força política.
Do outro lado do ringue — e usando luvas mais pesadas — aparece Miguel Coelho. O ex-prefeito de Petrolina, ex-candidato ao Governo do Estado e uma das vozes mais influentes do União Brasil, não apenas reivindica o comando político da federação como já exibe um trunfo capaz de alterar o equilíbrio do jogo: o apoio declarado do presidente nacional do União, Antônio Rueda. E não foi qualquer manifestação. Rueda desembarcou em Araripina, fez questão de aparecer ao lado de Miguel e ainda reforçou sua preferência ao anunciar apoio público à eventual candidatura de Miguel Coelho ao Senado e à de João Campos (PSB) ao Governo de Pernambuco.
O movimento de Rueda repercutiu como um terremoto. Lideranças estaduais passaram a interpretar o gesto como um aviso de que a cúpula nacional do União Brasil não está disposta a abrir mão do controle da federação no Estado — e que Miguel Coelho é peça estratégica no tabuleiro que mira 2026. A presença do presidente nacional em território pernambucano, em plena articulação conjunta com João Campos, também acendeu alertas no Palácio do Campo das Princesas sobre possíveis reconfigurações de alianças futuras.
Eduardo da Fonte, por sua vez, não pretende recuar. Aliados próximos garantem que Dudu está disposto a levar a disputa ao limite, inclusive judicialmente, se necessário. O argumento jurídico que sustenta seu lado da queda de braço se baseia na leitura minuciosa do estatuto da federação, especialmente nos trechos que tratam de transição de comando e acordos previamente firmados entre as legendas no Estado. Para Dudu, a manobra de Rueda é vista como uma intervenção externa e politicamente agressiva.
Enquanto isso, prefeitos, deputados estaduais e federais ligados às duas siglas estão sendo pressionados a se posicionar — e muitos, por ora, preferem o silêncio estratégico. A tensão cresce nos bastidores, e integrantes da base do governo estadual já admitem que a disputa pode respingar em alianças maiores, mexendo com os planos de Raquel Lyra e até com pontes que João Campos vinha reconstruindo com setores do União Brasil.
A sensação geral no meio político é clara: a federação PP-União Brasil era esperada como uma ferramenta de unidade, mas acabou se tornando o epicentro de um conflito que expõe vaidades, ambições e a busca pelo protagonismo em Pernambuco. O que vier a partir daqui não será decidido apenas na política local — terá a mão pesada de Brasília e deverá influenciar o desenho das chapas majoritárias em 2026.
No fim das contas, a federação, que deveria unir, transformou-se no grande ringue onde dois pesos-pesados se enfrentam. E, por enquanto, ninguém ousa arriscar quem sairá vitorioso.