Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Douglas Fernandes
Em Pernambuco, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) estão incomodados com a nomeação de pessoas que consideram “esquerdistas” em cargos no governo federal no Estado e querem levar essa insatisfação ao Palácio do Planalto. Nesta segunda-feira (18), a partir das 15h, um grupo que organizou carreatas pró Bolsonaro durante a campanha promove um protesto, no Parque da Jaqueira, no bairro homônimo, no Recife, contra as nomeações que acreditam ferir o discurso do presidente de “desaparelhamento do Estado”.
Liderados pelo coronel da reserva da Aeronáutica Marcos Koury, o grupo, chamado B-17, se mantém organizado mesmo após a vitória de Bolsonaro e quer impedir que os chamados “inimigos” sejam “infiltrados” no governo em cargos nas universidades, na Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e demais órgãos públicos federais no Estado.
Uma carta será lida, assinada por Marcos Koury, na manifestação para expor descontentamento e “alertar” o governo Bolsonaro sobre as nomeações de pessoas de esquerda. Nele, é criticada a nomeação da editora-executiva do Diario de Pernambuco, Paula Losada, para chefiar o Escritório Regional Norte do Ministério da Cidadania, publicada no Diário Oficial da União no dia 30 de janeiro. Segundo os apoiadores de Bolsonaro, a jornalista faz parte da “esquerda comunista” e fez “campanha acirrada” contra a eleição do atual presidente.
“Todos os apoiadores de direita, que fazem parte do Grupo B-17, e que mantêm total apoio ao governo Bolsonaro, estão decepcionados com essa postura dirigida aos pernambucanos, que lutaram ardorosamente por um governo sério, democrático e de direita, convictos de que haveria de imediato o desaparelhamento do Estado, coisa preocupante, que não ocorreu até o momento”, diz trecho da carta, que será enviada ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, ao vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), e ao próprio presidente Bolsonaro.
A nomeação do professor e pesquisador Alfredo Bertini para a presidência da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) também é criticada pelos membros do grupo por ser visto como de “esquerda”. O discurso do B-17 vai ao encontro ao do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), que chegou a falar em “despetização” do Estado ao anunciar uma série de exonerações na pasta.
Formado por militares das Forças Armadas, da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e membros da sociedade civil, o grupo diz alertar “o risco iminente a que está submetido o governo Bolsonaro, caso não haja o imediato desaparelhamento do Estado e os seus ministros continuarem a indicar pessoas da esquerda comunista/socialista, para ocuparem cargos federais”.
“(A nomeação de ‘esquerdistas’) Inevitavelmente, vai desconstruir todo um trabalho de verdadeiros heróis de direita, que travaram uma luta desigual, enfrentando uma oposição em Pernambuco totalmente estruturada e aparelhada, o que exigiu bravura de todos que se uniram em uma só voz, uma só Bandeira, um ideal maior: livrar o Brasil das hostes comunistas e das intenções socialistas que só visam viver da miséria e problemas sociais do povo brasileiro”, diz outro trecho do texto.
Segundo o grupo, além de considerar os critérios técnicos nas nomeações, o governo federal deveria levar em conta “lealdade, confiança, comprometimento e histórico total de direita”. “Aqueles com essa ideologia (de esquerda) não devem ocupar cargos neste governo”, diz a carta, que pede que Bolsonaro “impeça e suspenda toda e qualquer nomeação de pessoas da esquerda”.
“O nosso grupo continua atuante, firme e leal ao Presidente Bolsonaro, e aguarda com ansiedade a sua plena recuperação, na convicção de que os seus verdadeiros eleitores e profissionais capacitados e leais, serão reconhecidos e certamente contribuirão em muito para o pleno sucesso de um governo que o povo tanto aguardava. Pátria amada, BRASIL!”, finaliza a carta.