segunda-feira, 19 de maio de 2025

COLUNA POLÍTICA | NA LUPA 🔎 | POR EDNEY SOUTO

ANDRÉ DE PAULA E A DIFÍCIL MISSÃO DA VOLTA À CÂMARA FEDERAL EM 2026

Em meio ao tabuleiro instável da política pernambucana, o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula (PSD), vive talvez um dos momentos mais desafiadores de sua longa e respeitada trajetória pública. Com décadas de serviços prestados, um histórico limpo e uma biografia marcada por lealdade, André tenta agora um movimento de retorno à Câmara dos Deputados em 2026 — tarefa que, apesar de sua habilidade reconhecida, está longe de ser fácil. Vamos dar uma analisada aqui NA LUPA desta segunda-feira. 

UM HOMEM DE HISTÓRIA E LEALDADE

André é daqueles políticos raros que colecionam mais amigos que desafetos. É conhecido no meio como “gente de primeira qualidade” e tem uma fama quase unânime de ser fiel aos que com ele caminham. Histórias de solidariedade e atenção pessoal a aliados e eleitores não faltam. Mas a política, como sabemos, cobra caro por decisões mal calculadas — e André sabe bem disso agora.

O ERRO ESTRATÉGICO DE 2022
A candidatura ao Senado na chapa de Marília Arraes, em 2022, foi um passo ousado — e, segundo muitos analistas, um erro crasso. Na ânsia de emplacar um projeto majoritário, André deixou de lado sua base parlamentar, abrindo espaço para que adversários de sua própria coligação ocupassem territórios antes cativos. A conta chegou, e o resultado foi uma campanha solitária, sem o apoio esperado daqueles que herdaram suas bases.

BASES ENTREGUES, APOIOS EVAPORADOS
Exemplos emblemáticos dessa desmobilização são as cidades onde Pedro Freitas e Patrick Oliveira optaram por seguir com Guilherme Uchôa e Lula da Fonte, respectivamente — dois nomes que se beneficiaram diretamente das articulações de André, mas que, ao fim, não deram retorno algum ao ministro. Como dizem os mais céticos nos bastidores: “quem recebeu a base, não moveu uma palha” para ajudar André ao Senado.

O PSD SEM RUMO EM PERNAMBUCO

Outro ponto crítico foi a não formação de chapas competitivas no PSD, partido que André presidia em Pernambuco. Em 2022, a sigla praticamente deixou de existir no estado do ponto de vista eleitoral. Sem nominatas e sem estrutura, o partido virou coadjuvante, apesar de hoje, ironicamente, abrigar a governadora Raquel Lyra, figura central para qualquer plano futuro de reabilitação política de André.

A APOSTA NA REABILITAÇÃO VIA RAQUEL LYRA
Se antes foi Eduardo Campos foi quem reabilitou André politicamente após sua derrota nas urnas ainda pelo PFL, agora a esperança se recai sobre Raquel Lyra. A governadora, que tem um perfil técnico e uma postura discreta, ainda não deixou claro qual será seu papel na equação federal de 2026. Mas o apoio dela pode ser determinante para que André consiga viabilizar uma candidatura com chances reais de vitória.

UM POLÍTICO QUE EVITA CONFRONTOS
Um traço marcante da trajetória de André de Paula é sua habilidade em evitar “bolas divididas”. Sempre preferiu o diálogo, a composição e o consenso. Mas o destino lhe impôs dois momentos de embate direto: a primeira foi a derrota ainda no PFL para deputado federal; a segunda, a tentativa frustrada ao Senado em 2022. Ambas exigiram reconstruções. A primeira foi bem-sucedida. A segunda está em andamento.

O DESAFIO DE 2026: MAIS POLÍTICA, MENOS INSTITUCIONAL
Apesar de ser ministro, cargo de alta visibilidade, André hoje precisa de mais articulação política do que institucional. A eleição para deputado federal não se vence com cargos, mas com base, estrutura e voto. E isso exige o que ele teve em outros tempos, mas que hoje precisa reconquistar: prefeitos, vereadores e lideranças que batam de porta em porta por ele.

PSD: UM PARTIDO GRANDE, MAS COM DONOS DEMAIS
O PSD nacionalmente é uma força de peso, mas em Pernambuco tornou-se uma sigla sem rumo após 2022. O protagonismo da governadora dentro do partido pode ser a salvação de André — ou mais uma barreira, caso ela prefira construir sua bancada com outros nomes. A articulação para que André volte à cena dependerá muito de como ele se reposiciona internamente no partido.

O RESPEITO DO ELEITOR PERNAMBUCANO
Apesar dos reveses, uma coisa é certa: André de Paula tem o respeito do eleitorado pernambucano. Pode não ser unanimidade, mas é visto como decente, honesto e preparado. Em um cenário tão corroído por escândalos e descrença, isso não é pouca coisa. Mas só isso também não basta para se eleger.

A MISSÃO É DIFÍCIL, MAS NÃO IMPOSSÍVEL
André sabe que o retorno à Câmara Federal não será um passeio. Será preciso reconstruir pontes, montar uma nominata forte, contar com a boa vontade da governadora e, acima de tudo, apresentar um discurso que reconecte sua imagem ao povo. O jogo está aberto. E ele, como bom jogador que é, ainda tem cartas a jogar.

CONCLUSÃO: UMA CAMINHADA DE RESILIÊNCIA
O nome de André de Paula carrega peso, história e respeito. O desafio agora é provar que, mesmo após escolhas equivocadas e erros estratégicos, ainda há espaço para quem age com ética e lealdade na política. Pernambuco, que já lhe deu vitórias expressivas, será o juiz dessa trajetória em 2026. Se depender de sua resiliência, ele ainda não disse a última palavra. Portanto André de Paula tem carisma, amizades e respeito e está apto a construir novos caminhos de volta ao Salão Verde da Câmara dos Deputados em Brasília. É isso aí.

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