quarta-feira, 7 de maio de 2025

Na Lupa, Quarta, 07/05/2025, Blog do Edney

NA LUPA 🔎 
BLOG DO EDNEY 

Por Edney Souto

CARLOS LUPI DEIXA O MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL E LEVA O PDT PARA A OPOSIÇÃO A LULA 
Em uma reviravolta que sacudiu os bastidores da política nacional, Carlos Lupi anunciou contrariado e ressabiado, a sua saída do comando do Ministério da Previdência Social. A decisão, que ocorre em meio a um escândalo envolvendo descontos indevidos de associações em aposentadorias do INSS, levou o PDT, partido presidido por Lupi, a romper oficialmente com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia de ontem e a se posicionar na oposição. Vamos dar uma analisada aqui NA LUPA desta quarta-feira. 
REUNIÃO TENSA - A saída de Lupi, confirmada após reunião tensa com Lula no Palácio do Planalto, marca mais um capítulo turbulento na trajetória do político fluminense à frente de pastas federais. Não é a primeira vez que o nome de Lupi se vê no centro de uma crise institucional. Em 2011, quando era ministro do Trabalho durante o governo Dilma Rousseff, ele também foi forçado a se demitir sob suspeitas de irregularidades na liberação de recursos e favorecimento a ONGs.

NOVO ESCÂNDALO- Agora, o novo escândalo envolve convênios firmados entre o INSS e associações de aposentados, que realizavam descontos automáticos nos benefícios sem consentimento explícito dos segurados. A prática, considerada abusiva por especialistas em direito previdenciário e denunciada por parlamentares da oposição, atingiu milhares de beneficiários e gerou uma onda de críticas à gestão da pasta comandada por Lupi.
LULA NA DEFENSIVA- Sob forte pressão política e midiática, Lula tentou estancar a crise com declarações públicas de confiança em Lupi, mas a base aliada no Congresso começou a demonstrar fissuras. O próprio PDT, apesar de ocupar ministérios e cargos estratégicos no governo, vinha se afastando gradualmente das decisões do Planalto desde o início do ano. A gota d’água veio na semana passada, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu investigação formal sobre os descontos. Documentos preliminares apontam omissão do Ministério da Previdência na fiscalização das entidades conveniadas. Embora Lupi negue irregularidades pessoais, sua permanência tornou-se insustentável.
LUPI SAIU MUITO RAIVOSO- Em comunicado oficial, o agora ex-ministro afirmou que deixa o cargo “com a consciência tranquila”, mas não poupou críticas à condução política do governo. “Fui alvo de fogo amigo. Em vez de defender um aliado histórico, o governo preferiu o silêncio. O PDT não é submisso a ninguém e seguirá seu caminho com independência”, disse.
PDT CONTRA O PT - Lupi também anunciou que o PDT, fundado por Leonel Brizola e com longa trajetória no campo da centro-esquerda, irá se posicionar formalmente na oposição. A decisão foi ratificada por unanimidade pela Executiva Nacional do partido em reunião realizada na noite desta segunda-feira. Nos bastidores, o rompimento já vinha sendo ventilado desde o segundo turno das eleições de 2022, quando o então candidato Ciro Gomes, do PDT, se recusou a declarar apoio entusiasmado a Lula. A aliança entre o partido e o PT se manteve mais por pragmatismo do que por afinidade ideológica — e agora chega ao fim de forma ruidosa.
PDT É SÍMBOLO - A saída de Lupi do ministério e o rompimento do PDT representam uma perda simbólica e política para Lula, que se esforça para manter sua base coesa em meio a uma série de desafios econômicos e orçamentários. O Palácio do Planalto ainda não anunciou o substituto de Lupi, mas fontes do governo indicam que o nome será técnico, como forma de acalmar os ânimos no Congresso.
ABALO NA BASE - Analistas veem o episódio como um abalo importante na governabilidade. “O PDT tem uma bancada pequena, mas articulada. A saída de Lupi pode incentivar outros partidos do centrão a também reverem seu apoio ao governo”, avalia a cientista política Vânia Dias, da Universidade de Brasília. Lupi, por sua vez, promete continuar ativo no cenário político e afirmou que o PDT apresentará uma “agenda alternativa para o país”, com foco em reforma tributária progressiva, defesa do trabalhador e crítica ao que classificou como “centralização autoritária do Planalto”.
CRISE POLÍTICA- A crise escancarou, mais uma vez, a fragilidade das coalizões presidenciais no Brasil, especialmente quando alicerçadas em trocas de cargos e apoios circunstanciais. Lula, que já enfrentou dificuldades na formação de sua base em 2023, terá agora de lidar com um cenário ainda mais fragmentado. O episódio também levanta dúvidas sobre o compromisso do governo com a transparência na administração pública. Enquanto a oposição prepara uma série de convocações no Congresso para apurar o caso, o presidente busca recompor alianças e blindar o Planalto de novos desgastes. Ao final, a queda de Carlos Lupi não é apenas a de um ministro: é o sinal de que a lua de mel entre o PDT e o governo Lula chegou ao fim, e de forma amarga. É isso aí.

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