sexta-feira, 30 de maio de 2025

TRAVAMENTO DE PAUTAS AUMENTA PRESSÃO NA ALEPE

A crise institucional que atinge a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) tem gerado um clima de grande apreensão entre prefeitos e professores estaduais, que aguardam com urgência a deliberação de projetos essenciais para suas áreas. A pauta da Casa está travada há semanas, impedindo a votação de matérias importantes, enquanto os dias correm para os gestores municipais que dependem de repasses estaduais para a realização das tradicionais festas juninas. As festividades, que aquecem a economia de dezenas de cidades do interior e movimentam setores como turismo, comércio, transporte e cultura, podem ser comprometidas pela ausência dos recursos, historicamente repassados pelo Governo do Estado nesta época do ano. Diante disso, prefeitos têm se articulado nos bastidores e pressionado os deputados estaduais para que alguma solução seja apresentada nos próximos dias. Muitos deles já estiveram no Palácio Joaquim Nabuco em busca de uma alternativa, mas encontraram uma barreira: a pauta do plenário continua travada.

O motivo do travamento é político e estratégico. O próprio Governo do Estado solicitou o trancamento da pauta, a fim de priorizar a votação de dois projetos de empréstimos bilionários voltados para a construção do Arco Metropolitano do Recife e para a duplicação de trechos da BR-232. Ambos são considerados cruciais pela governadora Raquel Lyra, que aposta nas obras como vitrines de sua gestão. No entanto, a falta de consenso político e o desgaste entre Executivo e Legislativo têm impedido o avanço da tramitação. Com isso, nenhum outro projeto — mesmo os que tratam de temas urgentes como repasses para os municípios ou reajustes salariais — pode ser apreciado em plenário até que os empréstimos sejam votados. O impasse político, que se arrasta há semanas, tem ampliado a insatisfação entre os parlamentares e líderes municipais, que veem a proximidade das festas juninas com apreensão.

Em paralelo à pressão dos prefeitos, cresce o movimento dos professores da rede estadual de ensino, que aguardam a aprovação, por parte da Alepe, do projeto de lei que oficializa o reajuste salarial prometido por Raquel Lyra em mesa de negociação com o sindicato da categoria. O aumento é considerado uma vitória parcial dos profissionais da educação após meses de diálogo e mobilizações, mas ainda depende do trâmite legislativo para ser implementado. O temor da categoria é de que o entrave entre os Poderes adie ou inviabilize o cumprimento do acordo. A situação pode se agravar com a aproximação do recesso parlamentar, o que limitaria ainda mais o tempo hábil para a aprovação da matéria. Muitos professores têm pressionado suas entidades representativas para que atuem junto aos deputados, cobrando celeridade e compromisso com a valorização da educação pública.

O presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB), tem tentado reduzir a tensão com declarações públicas em defesa de uma solução rápida para o impasse. Em conversa com este blog, garantiu que os projetos de interesse dos municípios e da categoria docente serão pautados com urgência assim que chegarem à Casa. “Não vai ser por falha nossa que a governadora possa vir a não atender aos prefeitos ou professores. Temos todo o interesse em colaborar para que essas questões sejam resolvidas”, afirmou. Ainda assim, Porto reconhece que a Alepe está de mãos atadas enquanto os projetos de empréstimo não forem votados, o que reforça a necessidade de diálogo direto com o Executivo.

Estava agendada para esta quinta-feira (30) uma reunião entre a Mesa Diretora da Alepe e representantes do Governo do Estado, com o objetivo de alinhar estratégias e buscar uma saída institucional para a crise, mas o encontro foi adiado para a próxima semana, frustrando expectativas. O adiamento é visto como um sinal de que ainda não há articulação suficiente no campo político para destravar a pauta. Enquanto isso, prefeitos continuam à espera dos recursos que asseguram a realização dos eventos que movimentam a economia local, e professores aguardam a concretização do reajuste anunciado. A indefinição atual reflete não apenas uma crise de articulação política, mas também um alerta sobre os riscos do distanciamento entre os poderes em momentos decisivos para a vida de milhares de pernambucanos.

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