Segundo relatos de pessoas que estavam no local, Gisley começou a demonstrar sinais de mal-estar entre uma música e outra, até que, de forma repentina, precisou sentar-se no palco e colocar as mãos no peito, visivelmente abatido. A apresentação foi imediatamente interrompida, e um pedido de socorro foi feito com urgência. O cantor foi levado por amigos até uma unidade de saúde da cidade, onde recebeu os primeiros atendimentos médicos. Apesar dos esforços da equipe do hospital, o quadro evoluiu rapidamente e Gisley não resistiu. A suspeita preliminar é de infarto fulminante, mas a confirmação da causa da morte ainda depende de laudo médico.
O velório aconteceu no dia seguinte, domingo (22), em clima de tristeza e consternação. Familiares, amigos próximos, músicos da região e fãs prestaram suas últimas homenagens ao artista, que vinha conquistando reconhecimento no cenário regional. No salão onde o corpo foi velado, não faltaram canções entoadas por colegas de estrada e lembranças emocionadas de momentos divididos nos bastidores e palcos do interior baiano. Diversos músicos expressaram gratidão por Gisley, que sempre estendeu a mão a iniciantes e defendia com firmeza a valorização dos artistas locais.
Nas redes sociais, a comoção foi imediata. A última publicação do cantor no Instagram, feita poucas horas antes de subir ao palco pela última vez, transformou-se em uma espécie de memorial virtual. Fãs inundaram os comentários com mensagens de luto, saudade e carinho. Uma das mensagens mais compartilhadas dizia: “A vida é um sopro… Vá em paz, cantor, e obrigado por levar alegria com sua música. Que Jesus te receba com luz”. Outra seguidora escreveu um emocionante desabafo: “Uma agenda a cumprir, sonhos a realizar, planos para concretizar… o compromisso que não vai ser atendido e mensagens que não serão respondidas. Mas um legado de alegria e carisma deixado por onde passou. Descansa em paz, Gisley! E que saibamos o que fazer com o tempo incerto que temos nas mãos”.
Natural do interior da Bahia, Gisley Ribeiro iniciou sua carreira ainda na adolescência, quando aprendeu os primeiros acordes no violão de um tio. Desde então, não se afastou mais da música. Fez parte de pequenas bandas, formou parcerias com compositores da região e criou seu próprio repertório, que misturava forró pé de serra, vaquejada e canções autorais com letras que falavam de amor, saudade e superação. Seu talento o levou a ser convidado para se apresentar em festas de São João, vaquejadas e eventos culturais em diversas cidades baianas e também em Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
Além de músico, Gisley era conhecido por seu forte envolvimento com a cultura popular e por suas ações de solidariedade. Participava frequentemente de eventos beneficentes, arrecadações de alimentos e mutirões para ajudar famílias carentes de sua cidade natal. A figura generosa, alegre e humilde que ele cultivava fora dos palcos contribuía para o carinho quase unânime que recebia. Em suas entrevistas, fazia questão de reforçar o orgulho de representar a cultura nordestina e dizia que “cantar forró era como respirar”.
A ausência de um comunicado oficial da família até o momento do velório fez com que as informações sobre seu estado de saúde anterior permanecessem restritas ao círculo íntimo. Amigos próximos, no entanto, afirmaram que Gisley já havia sentido dores no peito em outras ocasiões, mas relutava em procurar acompanhamento médico. A rotina intensa de shows, especialmente durante o mês de junho, quando a demanda por apresentações aumenta de forma significativa, pode ter agravado um problema cardíaco ainda não diagnosticado.
Com sua morte, o forró regional perde não apenas uma voz inconfundível, mas também um embaixador da alegria simples e verdadeira que caracteriza as festas populares do Nordeste. A cidade de Juazeiro amanheceu em silêncio no domingo, com programas de rádio dedicando canções e mensagens ao artista. Casas de forró que haviam anunciado apresentações com Gisley cancelaram suas agendas e publicaram homenagens. A Prefeitura de Juazeiro, por meio da secretaria de Cultura, divulgou uma nota de pesar reconhecendo a contribuição do cantor para a cena musical local.
Gisley Ribeiro deixou esposa e dois filhos pequenos. Seus familiares ainda tentam lidar com a perda repentina, enquanto fãs e amigos organizam homenagens públicas para manter viva a memória do artista. Há conversas entre músicos da região para a realização de um show-tributo em sua homenagem, reunindo artistas com quem ele dividiu palco ao longo da vida. Em meio ao luto, prevalece a certeza de que seu legado seguirá ecoando nas festas de São João, nas rádios do interior e nos corações daqueles que aprenderam a amar o forró com ele.
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