quarta-feira, 25 de junho de 2025

SOLIDARIEDADE E PRD ACERTAM FEDERAÇÃO E SE AFASTAM DE LULA

Solidariedade e PRD acertam federação, afastam-se de Lula e sugerem apoio a Caiado
O Globo - O acerto de uma nova federação entre PRD e Solidariedade, que será lançada amanhã no Salão Verde da Câmara dos Deputados, tende a reduzir a fragmentação partidária ao menor nível em quase 40 anos e ampliar dificuldades do governo Lula em montar uma base parlamentar. Com dez deputados, dirigentes da federação pregam um discurso de distanciamento em relação ao petista, cuja coligação contou com o Solidariedade em 2022, e avaliam embarcar na candidatura presidencial de Ronaldo Caiado (União).

Embora tenha cargos no governo federal, o Solidariedade vem se afastando de Lula desde o início do ano. O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), presidente da sigla, criticou a atuação do governo no caso da fraude do INSS e assinou o requerimento de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema. Segundo Paulinho, seu partido “hoje já atua contra o governo” na Câmara.

Já o PRD foi criado em 2023 a partir da fusão entre PTB e Patriota, dois partidos mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Hoje a sigla é dirigida por Ovasco Resende, ex-presidente do Patriota, e que também estará à frente da federação com o Solidariedade.

— Essa insatisfação crescente com o governo contribuiu para nos unir. O perfil que defendemos é caminhar na oposição, como o PRD tem feito desde o início da legislatura — afirmou o tesoureiro do PRD, Marcos Vinícius Neskau, ex-deputado estadual no Rio.

O objetivo imediato da federação é permitir que os dois partidos atinjam a cláusula de barreira, que exigirá no mínimo 13 deputados eleitos por ao menos nove estados em 2026; atualmente, PRD e Solidariedade têm cinco deputados cada.

Antes da aliança com o PRD, o Solidariedade também vinha flertando com um apoio à candidatura presidencial do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Paulinho da Força compareceu ao evento de lançamento de Caiado na Bahia, em abril, em um aceno à filiação do governador. Caiado ainda não conseguiu uma garantia de apoio do União Brasil à empreitada; o próprio presidente da sigla, Antonio Rueda, faltou ao evento.

— Nós já havíamos oferecido a legenda para o Caiado, e não creio que o PRD ficará contra isso. Não queremos apoiar nem o PT, nem um candidato bolsonarista, e ele representa esse caminho mais ao centro, sem radicalismos — disse Paulinho.

Conversas em andamento

A federação entre PRD e Solidariedade, quando oficializada, diminuirá o número de bancadas ativas na Câmara para 14. Na série histórica desde a redemocratização, considerando as bancadas eleitas para cada legislatura, este é o menor número desde 1986, quando 12 partidos elegeram deputados federais. O cálculo considera os partidos que compõem a federação partidária como uma única bancada, já que esse tipo de aliança exige que as siglas disputem juntas as eleições em todos os níveis de governo.

Além dessas duas siglas, União Brasil e PP também anunciaram a formação de uma federação neste ano, que ainda precisa ser chancelada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Juntos, os dois partidos têm 110 deputados, o que tornaria esta federação a maior bancada da Câmara.

Outras duas legendas com bancadas relevantes, MDB e Republicanos também iniciaram conversas por uma federação. Cada um tem 44 deputados federais atualmente. Lideranças de ambas as siglas, no entanto, ainda têm resistências ao acordo.

Atualmente há três federações em atividade, com chancela do TSE: PT-PCdoB-PV, PSOL-Rede e PSDB-Cidadania. Todas encerram suas vigências em maio de 2026. O PSDB já ensaiou o fim da atual aliança e chegou a anunciar um acordo com o Podemos, que acabou desfeito por divergências sobre o comando da futura federação. Já o Cidadania conversa por uma nova federação com PSB e PDT.

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