segunda-feira, 7 de julho de 2025

A MISSÃO DE CARLOS VERAS NOVO PRESIDENTE DO PT

A chegada do deputado federal Carlos Veras à presidência estadual do PT em Pernambuco marca um momento de inflexão no partido, exigindo habilidade política e capacidade de costura interna para lidar com um quadro de fraturas e disputas de rumos. Ligado ao grupo do senador Humberto Costa, Veras assume a tarefa de liderar uma legenda que vive um momento de divergência sobre sua posição em relação ao governo estadual e sobre qual projeto deve representar o partido nas eleições municipais e estaduais. A missão de Veras não é simples: ao mesmo tempo em que precisa preservar os vínculos com o campo progressista nacional e reforçar a presença do PT em disputas majoritárias, também terá que lidar com alas internas que enxergam como estratégica a aproximação com a governadora Raquel Lyra, do PSD. Entre os principais defensores dessa tese está o deputado estadual João Paulo, ex-prefeito do Recife, nome histórico do partido e entusiasta de uma linha mais pragmática de alianças regionais.

A escolha de Carlos Veras para a presidência do diretório estadual reforça o peso da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) no comando da legenda no Estado, num momento em que os embates internos se tornaram mais explícitos e as movimentações de bastidores ganharam corpo. Recentemente, Veras também ampliou sua influência institucional em Brasília ao assumir a primeira-secretaria da Câmara dos Deputados, uma das posições mais estratégicas da Mesa Diretora, responsável por gerir contratos, estrutura administrativa e boa parte do funcionamento interno da Casa. A experiência adquirida nesse espaço, que o coloca como uma espécie de prefeito da Câmara, pode ser um trunfo na articulação política necessária para costurar uma unidade possível entre as alas do PT pernambucano.

O desafio, porém, não está apenas no campo das ideias e alianças. O partido enfrentará, nos próximos meses, decisões cruciais sobre candidaturas próprias em municípios importantes, como Recife, Jaboatão e Petrolina, além da necessidade de se reposicionar diante de uma base que espera firmeza no enfrentamento ao bolsonarismo, mas também resultados práticos na governabilidade e no atendimento das pautas sociais. A condução de Veras será testada tanto na capacidade de diálogo com lideranças tradicionais quanto na aproximação com movimentos sociais e novas lideranças de base. Ao herdar um diretório rachado, terá que decidir entre a conciliação ou a imposição de um caminho, sabendo que qualquer escolha terá custos internos. Ao fim, o sucesso de seu mandato dependerá de como equilibrará as forças em disputa e de sua habilidade em construir uma narrativa de unidade sem apagar as diferenças.

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