No centro do processo estão os vereadores Nilton Senhorinho, Claudemir de Xucuru e Irmão Adriano, todos eleitos pelo Podemos. De acordo com a denúncia, o partido teria lançado candidaturas femininas fictícias com o único objetivo de preencher o percentual mínimo exigido por lei, de 30% de mulheres na chapa proporcional. Essa prática, conhecida como fraude à cota de gênero, tem sido combatida com rigor pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que considera a medida essencial para assegurar a representatividade feminina nas casas legislativas. No caso em questão, o MPPE argumenta que as supostas candidaturas não apenas não fizeram campanha, como também não tiveram votos expressivos, o que reforça a tese de que não havia intenção real de concorrer ao pleito.
A situação dos vereadores é agravada pela ausência de prestação de contas de recursos utilizados durante a campanha, uma falha que, segundo fontes do Executivo municipal, torna a defesa ainda mais frágil. Nos bastidores, um secretário ouvido pela reportagem afirmou que o caso é considerado “praticamente irreversível”, dada a robustez das provas reunidas ao longo do processo, que incluem depoimentos, movimentações financeiras e documentos partidários. A depender do entendimento do juiz responsável pelo caso, a decisão pode resultar na perda imediata dos mandatos dos parlamentares, além da imposição da sanção de inelegibilidade.
Para o vereador Nilton Senhorinho, a situação tem um peso ainda mais simbólico. Essa é a segunda vez que ele se vê envolvido em processos eleitorais com potencial de resultar na cassação de seu mandato. Em 2016, ele já havia enfrentado acusações que colocaram em risco sua permanência na Câmara. Agora, com uma nova ação em fase conclusiva, seu futuro político parece novamente ameaçado, o que pode comprometer seus planos para as eleições de 2026. Claudemir de Xucuru e Irmão Adriano, por sua vez, também enfrentam incertezas sobre a continuidade de seus mandatos e eventual participação em futuros pleitos.
O processo, que está nas mãos da Justiça Eleitoral de Belo Jardim, aguarda agora a sentença final do magistrado responsável. A depender do veredito, o município poderá testemunhar uma mudança significativa na composição da Câmara de Vereadores, com abertura de vagas para suplentes de outras siglas. Caso a chapa seja de fato cassada, a recontagem de votos deverá ser realizada de acordo com as regras da legislação eleitoral, o que poderá beneficiar candidatos que ficaram de fora na última eleição. Enquanto a decisão não é proferida, cresce a expectativa nos meios políticos locais, que acompanham de perto os desdobramentos do caso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário