Apesar de ter sido contemplado com uma emenda parlamentar de R$ 1 milhão pela deputada estadual Débora Almeida (PSDB), Erivaldo decidiu retirar seu apoio à tucana para declarar fidelidade ao também deputado estadual Álvaro Porto (PSDB). A mudança causou surpresa não apenas pelo gesto em si, mas principalmente pelo histórico de proximidade com Débora, que, junto com o grupo da vice-prefeita Socorro Duarte, vinha mantendo uma articulação política coesa dentro da gestão municipal. A vice, aliás, segue alinhada à deputada, o que cria um novo foco de tensão dentro da própria Prefeitura.
No plano federal, o movimento foi ainda mais drástico. O prefeito optou por apoiar Felipe Carreras (PSB), abandonando o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos), responsável por garantir vultuosas emendas que somam R$ 10 milhões para Lajedo. Os recursos destinados por Silvio representam um volume raro para cidades de médio porte no Agreste e, ao que tudo indica, não foram suficientes para manter o apoio de Chagas.
Em uma entrevista recente concedida a uma emissora de rádio local, Erivaldo deu declarações que aprofundam ainda mais a sensação de autoritarismo e instabilidade. Afirmou, sem rodeios, que todos os servidores da Prefeitura devem votar nos candidatos que ele indicar. Quem não seguir essa ordem velada, segundo o próprio prefeito, "que procure outro trabalho". O recado, claro, causou desconforto entre os quadros do funcionalismo público, principalmente entre aqueles que possuem alinhamento político diferente do chefe do Executivo.
A atual postura de Erivaldo Chagas, no entanto, não é inédita. Ele chegou ao cargo de prefeito como vice de Adelmo Duarte, um político respeitado, mas que enfrentava sérios problemas de saúde — sendo transplantado e falecendo apenas cinco meses após assumir o mandato. Com a cadeira principal liberada, Erivaldo teve um mandato inteiro para firmar alianças, mas optou por um caminho de ruptura com o grupo que o projetou politicamente: o do ex-prefeito Rossine Blesmany, que governou Lajedo por oito anos e foi o principal responsável pela sua entrada na vida pública.
Desde então, as atitudes do prefeito passaram a ser vistas como uma sequência de desconstruções de antigas lealdades. Rossine, que já foi mentor político de Erivaldo, se tornou adversário. Silvinho, que também esteve ao lado do atual prefeito em momentos decisivos, foi descartado. Débora Almeida, mesmo com emendas empenhadas e presença ativa na cidade, agora é ignorada. A cada movimento, Erivaldo reescreve alianças com traços de conveniência política, deixando um rastro de ressentimentos e desconfiança.
Nos bastidores da política local, o que se questiona não é mais “se” haverá uma nova traição, mas “quando” e “quem será o próximo”. A cada passo, o prefeito constrói uma reputação marcada por rompimentos e discursos agressivos que contrastam com a imagem mansa que projeta em eventos públicos — com dancinhas e sorrisos que, para muitos, não passam de um verniz populista para esconder o comportamento calculista de um líder que muda de lado conforme a conveniência.
Em Lajedo, a confiança na palavra do prefeito parece ser, hoje, um ativo em constante desvalorização. O desafio, para os aliados que ainda restam, é entender se estão diante de um lobo em pele de cordeiro ou de um crocodilo sorridente à espera de sua próxima presa política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário