Ao montar uma barraca e protestar com esparadrapo na boca, Hélio Negão tentou dar início a um novo acampamento na Praça dos Três Poderes — local considerado área de segurança nacional — em um gesto performático que, além de desprovido de conteúdo político responsável, representava mais um capítulo da narrativa golpista que assombra a democracia brasileira. O gesto, aparentemente simbólico, trazia ecos perigosos do passado recente e reacendia o alerta sobre tentativas de repetição da escalada extremista que culminou na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
Com base em pedido da Procuradoria-Geral da República, Moraes determinou a imediata retirada dos parlamentares, autorizando inclusive a prisão dos envolvidos em caso de descumprimento. O despacho, claro e firme, reafirma que não há espaço para baderna institucional disfarçada de manifestação política. O ministro proibiu qualquer tipo de acampamento em um raio de 1 quilômetro da Praça dos Três Poderes, da Esplanada dos Ministérios e dos quartéis militares, visando impedir que novos focos de insubordinação se instalem no país.
Além de Hélio Lopes, a ordem atingiu outros parlamentares bolsonaristas: Sóstenes Cavalcante (PL-AL), Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e Rodrigo da Zaeli (PL-MT). Todos tentaram apoiar a manifestação que, na prática, desafiava frontalmente as instituições da República.
A resposta rápida e incisiva de Moraes mostra a importância de um Judiciário firme no combate a tentativas de ruptura democrática. Desde o início dos ataques à legalidade institucional, o ministro tem sido alvo de críticas por parte da extrema-direita, mas segue irredutível na defesa do Estado Democrático de Direito.
A decisão do STF também contou com o respaldo do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que pessoalmente foi ao local para negociar a retirada dos deputados. Apesar de demonstrar desconforto com a situação, Ibaneis confirmou ao Estadão que, se os parlamentares insistissem na ocupação ilegal, seriam presos: "Vamos tentar tirar pacificamente. Se não saírem, serão presos", declarou.
A Polícia Militar isolou o entorno da Praça, enquanto o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, alertou para o risco de um novo episódio semelhante ao do 8 de Janeiro. O recado foi claro: não há mais tolerância com manifestações que coloquem em risco o funcionamento das instituições.
A tentativa de Hélio Negão — que em dois mandatos pouco ou nada produziu de relevante no Congresso — é mais um exemplo da instrumentalização do mandato parlamentar para fins de provocação e espetáculo. Sua conduta afronta a liturgia do cargo e ignora o papel que um deputado deveria cumprir em defesa da Constituição e dos interesses da população.
Moraes, por sua vez, demonstrou mais uma vez que autoridade não se confunde com autoritarismo, e que o exercício legítimo da força do Estado é necessário para conter ameaças à democracia. “Para garantir a segurança pública e evitar novos eventos criminosos semelhantes aos atos golpistas ocorridos em 8/1/2023”, justificou o ministro em sua decisão, “determinou a proibição de qualquer acampamento em um raio de 1KM da Praça dos Três Poderes, Esplanada dos Ministérios e, obviamente, em frente aos quartéis das Forças Armadas”.
A lição deixada por esse episódio é inequívoca: liberdade de expressão não é salvo-conduto para conspiração ou desordem. A tentativa de transformar novamente o coração da República em cenário de desobediência institucional precisa ser combatida com rigor, como foi feito. Em tempos de ataques à verdade, à ciência e às instituições, é necessário, mais do que nunca, reafirmar um princípio básico da democracia: a ordem deve ser estabelecida — e respeitada.
Redação: Blog do Edney
📍 Brasília | 📅 26/07/2025
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