A dinâmica em curso combina uma atuação descentralizada com uma estratégia de ocupação de espaços públicos. Raquel tem percorrido municípios do litoral ao Sertão, entregando equipamentos sociais, inaugurando obras de infraestrutura, lançando projetos e ampliando programas voltados à população mais vulnerável. As cozinhas comunitárias, por exemplo, símbolo da política de segurança alimentar do governo, vêm sendo replicadas em diversos municípios. Simultaneamente, estradas estaduais estão sendo pavimentadas ou recuperadas, e unidades escolares e de saúde recebem requalificações estruturais, muitas delas prometidas ainda em 2023.
O reforço de secretários estaduais nesses eventos evidencia uma engrenagem mais azeitada entre a cúpula do governo e as bases locais. Integrantes do primeiro escalão têm sido presença constante em solenidades, audiências públicas e inaugurações, muitas vezes com forte articulação junto a prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias. O movimento parece indicar não apenas uma tentativa de acelerar a máquina administrativa, mas também de fortalecer alianças políticas regionais. Num cenário ainda indefinido sobre alianças para 2026, esse tipo de proximidade pode fazer a diferença.
A mudança de postura ocorre em meio a um cronograma legal cada vez mais apertado. A legislação eleitoral determina uma série de proibições a partir de abril do próximo ano, dificultando a realização e divulgação de inaugurações, anúncios de programas e repasses financeiros. Por isso, há uma corrida silenciosa nos bastidores do Palácio do Campo das Princesas. A comunicação institucional vem sendo intensificada, com equipes de audiovisual acompanhando de perto as agendas da governadora e dos secretários, registrando cada entrega, cada fala, cada assinatura de ordem de serviço.
Mesmo nos casos em que as obras ainda não foram concluídas, a sinalização política do governo tem sido clara: mostrar presença e compromisso. Em muitos municípios, o simples anúncio de que determinado projeto será retomado ou terá verba liberada já representa um alívio para gestores locais, sobretudo em regiões historicamente negligenciadas por gestões anteriores. A estratégia do governo estadual também tem buscado dar protagonismo a iniciativas voltadas à primeira infância, inclusão social e ao combate às desigualdades regionais, temas que ganharam visibilidade no início do mandato de Raquel, mas que agora voltam ao centro do discurso oficial.
Enquanto o tabuleiro eleitoral começa a ser montado nos bastidores, com especulações sobre nomes ao Senado, à Câmara e até mesmo sobre o futuro político da própria governadora, Raquel Lyra faz da gestão um instrumento de diálogo com a sociedade. A entrega de obras se transforma, assim, em narrativa política. A meta é criar uma imagem de eficiência e responsabilidade, respondendo às críticas do primeiro ano de mandato, quando a lentidão nas ações chegou a ser alvo de queixas por parte de aliados. Agora, o foco é outro: mostrar trabalho, pavimentar alianças e ganhar tração antes que a janela eleitoral se feche.
Com essa aceleração visível, 2025 caminha para ser um ano decisivo na consolidação da imagem de Raquel Lyra como líder estadual. A intensidade da agenda, a multiplicação das entregas e o esforço de articulação com atores políticos nos quatro cantos de Pernambuco revelam um governo que compreendeu o tempo político em que vive. Mais do que uma prestação de contas, o que está em curso é uma disputa por espaço no imaginário do eleitorado, ancorada na promessa de uma gestão que agora decidiu correr contra o relógio.
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