terça-feira, 5 de agosto de 2025

FRANCISCO ALEXANDRE DEVE ASSUMIR A SUDENE EM MEIO A DISPUTA POLÍTICA NO PT E PRESSÃO POR RENOVAÇÃO NO NORDESTE

A iminente mudança no comando da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) reacende os bastidores da política regional e marca mais um capítulo da disputa de espaços entre correntes do Partido dos Trabalhadores. Segundo fonte próxima ao senador Humberto Costa (PT), o economista e gestor público Francisco Alexandre será nomeado para assumir a superintendência, substituindo o ex-deputado federal Danilo Cabral, que ocupava o cargo desde maio de 2022 por indicação do PT pernambucano. A nomeação de Alexandre, embora ainda não oficializada no Diário Oficial da União, é dada como certa por interlocutores próximos ao núcleo político responsável pela articulação da mudança.

Francisco Alexandre é conhecido por sua trajetória técnica sólida e por manter relações políticas discretas, mas consistentes dentro da legenda. Atualmente, é o segundo suplente da senadora Teresa Leitão (PT), e já ocupou cargos de destaque no setor público e privado, entre eles o de diretor-superintendente da BRF Previdência, além de ter sido membro do Comitê Financeiro da Invepar S.A. e vice-presidente do Conselho de Administração da antiga Perdigão S.A., atual BRF. A escolha por um nome com experiência em gestão financeira e articulação institucional pode sinalizar uma tentativa do governo federal de conferir mais protagonismo à autarquia, num momento em que o Nordeste busca retomar investimentos estruturantes.

Nos bastidores, a substituição de Danilo Cabral ocorre em meio à tensão política entre lideranças petistas de Pernambuco e do Ceará. O governador cearense Elmano de Freitas (PT) teria pressionado o Planalto pela mudança no comando da Sudene, em articulação com setores da federação petista do seu estado. Apesar da resistência inicial do senador Humberto Costa, que chegou a defender publicamente a permanência de Danilo Cabral no cargo, a indicação de Francisco Alexandre pode ter surgido como um meio-termo capaz de manter a influência pernambucana sobre a autarquia e, ao mesmo tempo, atender aos anseios por renovação interna no órgão.

A Sudene, criada em 1959 por Celso Furtado, é responsável por coordenar políticas de desenvolvimento regional, articulando projetos de infraestrutura, atração de investimentos e financiamento público nos estados do Nordeste e parte de Minas Gerais e Espírito Santo. No entanto, ao longo dos anos, o órgão sofreu esvaziamento político e orçamentário, passando a depender mais do perfil de seu gestor para manter protagonismo no planejamento estratégico da região. A chegada de Francisco Alexandre representa não apenas uma mudança de comando, mas um novo ciclo de expectativas em torno da reestruturação da Sudene como peça-chave no redesenho das políticas públicas regionais. Ainda não se sabe se ele adotará um estilo técnico, como Danilo, ou se buscará maior visibilidade política. A nomeação, que pode sair a qualquer momento, deve ter repercussão direta na disputa por espaços dentro do PT e no futuro dos projetos de desenvolvimento da região.

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