Ao se dirigir diretamente ao presidente da Câmara, Sóstenes assumiu a responsabilidade pelo acirramento dos ânimos e fez um apelo por reconciliação institucional. “Eu não fui correto e te peço perdão, presidente. Estávamos emocionalmente desestruturados. Esta Casa precisa de recondução. Peço desculpas a todos, se fui indelicado”, disse, visivelmente comedido. Ele também mencionou um episódio ocorrido durante as discussões, envolvendo um desentendimento físico entre uma deputada da esquerda e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), minimizando a possibilidade de representação contra a parlamentar, em nome de um apaziguamento dos ânimos. “Se depender do PL, não faremos representação”, assegurou.
Na véspera, o ambiente político havia ficado ainda mais tenso após uma reunião realizada no gabinete de Hugo Motta, com a presença de nomes de peso do centrão e da oposição. O ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, participaram diretamente das tratativas. Após o encontro, Motta e os líderes partidários se dirigiram ao plenário para anunciar que os deputados que integravam a Mesa Diretora e haviam resistido à condução dos trabalhos haviam decidido ceder. A oposição, então, encerrou a obstrução que impedia as votações de avançar.
Ainda durante a quarta-feira, Sóstenes havia feito um pronunciamento afirmando que o presidente da Câmara teria se comprometido a pautar, na semana seguinte, o projeto que altera o foro privilegiado de autoridades, alegando que deputados e senadores estavam sendo alvo de “chantagens” por parte de ministros do Supremo Tribunal Federal. A fala causou forte repercussão no Legislativo, com reações diversas entre parlamentares e lideranças partidárias, o que obrigou o líder do PL a fazer o gesto de recuo nesta quinta.
Em meio à crise, ficou evidente a tentativa da oposição de emplacar pautas de interesse de sua base política, ao mesmo tempo em que o presidente Hugo Motta buscava manter o equilíbrio institucional da Câmara, diante de pressões crescentes de diversas alas partidárias. A interlocução direta com Lira e Marinho indica que o embate foi também uma disputa de forças internas, com o grupo bolsonarista pressionando para marcar posição diante da nova presidência da Casa. Ao recuar, Sóstenes tenta preservar pontes e amenizar o desgaste provocado por uma articulação que foi lida, por muitos, como precipitada.
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