Em um momento de crescentes tensões comerciais, provocadas especialmente pelas novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump aos produtos brasileiros, o encontro serviu como espaço de interlocução estratégica. A diplomacia parlamentar, nesse contexto, ganhou protagonismo. Com tom respeitoso, mas direto, os parlamentares apresentaram preocupações específicas com os impactos dessas medidas sobre o agronegócio nordestino, setor duramente atingido por barreiras alfandegárias que encarecem e dificultam a exportação de alimentos para o mercado norte-americano.
Entre os pontos abordados, destacou-se a situação da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, onde uvas, mangas e outras frutas tropicais brasileiras ganham o mundo por meio de canais logísticos sofisticados, mas hoje enfrentam desvantagens comerciais diante das novas alíquotas. A cana-de-açúcar da Mata Norte pernambucana também foi tema da conversa, diante da pressão que o setor sucroenergético enfrenta com a elevação de custos e a redução de competitividade. Os deputados enfatizaram que o impacto não é apenas econômico, mas social, uma vez que milhares de empregos no interior de Pernambuco estão atrelados à exportação desses produtos.
A reunião foi descrita por Lula da Fonte como franca e produtiva, marcada por um esforço mútuo de construir pontes em meio às divergências comerciais. Segundo o parlamentar, o compromisso é seguir avançando nas relações bilaterais com base no respeito, clareza e propósito. O embaixador Escobar, por sua vez, ouviu atentamente as demandas e se comprometeu a encaminhar os pontos levantados aos canais competentes do governo americano. O diálogo, embora em nível legislativo, reflete a tentativa do Brasil de não perder espaços estratégicos em mercados históricos.
A presença de Eduardo da Fonte agregou peso político ao encontro, uma vez que a Frente Parlamentar Brasil-EUA tem atuado como canal permanente de aproximação entre os dois países em temas comerciais, ambientais e institucionais. A participação de outras autoridades reforçou a seriedade do encontro e evidenciou a transversalidade do tema, que ultrapassa barreiras partidárias ou ideológicas. Em Brasília, o gesto de abrir as portas da Câmara para o diálogo diplomático é visto como sinal de maturidade política e preocupação com o futuro de setores produtivos que sustentam a economia real do Nordeste.
Nesse contexto, Lula da Fonte se consolida como uma das vozes do Parlamento comprometidas com a defesa dos interesses regionais no cenário internacional. Sua atuação na Segunda Secretaria mostra que a política externa também pode — e deve — ter sotaque nordestino.
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