segunda-feira, 25 de agosto de 2025

PT EM CRUZAMENTO DE RUMOS: DEFINIÇÃO DE APOIO PODE MOLDAR ELEIÇÃO


O Partido dos Trabalhadores (PT) inicia a gestão de Carlos Veras como presidente estadual em Pernambuco com um desafio que há anos não enfrentava: definir seu caminho para as eleições de 2026. Tradicionalmente aliado da Frente Popular, o partido garantiu nas últimas décadas o sucesso de candidatos como Humberto Costa e Teresa Leitão ao Senado, mas a conjuntura política atual apresenta cenários mais complexos, com múltiplos nomes competitivos e indefinições que exigem diálogo estratégico.

A possibilidade de reeleição da governadora Raquel Lyra (PSD) transformou a equação política, levando o PT a analisar alternativas que vão além do apoio automático ao prefeito do Recife, João Campos (PSB). A legenda reconhece sua histórica relação com o PSB, mas mantém portas abertas para conversas com Raquel, sinalizando que o foco principal, neste momento, é garantir espaço de protagonismo dentro das chapas majoritárias.

O deputado federal Carlos Veras tem a responsabilidade de conduzir a decisão em um cenário fragmentado. Além de João Campos e Raquel Lyra, nomes como Marília Arraes (SD), Silvio Costa Filho (Republicanos), Eduardo da Fonte (PP), Fernando Dueire (MDB) e Miguel Coelho (UB) adicionam complexidade à disputa, que também inclui forças políticas de direita, como Anderson Ferreira e Gilson Machado, do PL. Nesse contexto, Humberto Costa segue como a prioridade do partido para a reeleição ao Senado, mas a definição de palanque ainda é uma incógnita.

Durante o Congresso Estadual do PT, Veras destacou que a legenda decidirá o caminho a seguir “na hora certa”, evitando antecipações que possam comprometer articulações futuras. Ele reforçou que, embora o histórico com o PSB seja relevante, não descarta aliança com Raquel Lyra, ressaltando que o diálogo será fundamental para moldar a estratégia de 2026. O PT também aguarda sinais de apoio da governadora ao projeto nacional de Lula, o que pode influenciar a escolha do palanque.

No evento, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, aproveitou a ocasião para anunciar seu apoio à reeleição de Humberto Costa e manifestar interesse em integrar a chapa de João Campos, fortalecendo as articulações da legenda governista. A ex-deputada Marília Arraes também participou, evidenciando a amplitude do congresso e a relevância do encontro para o cenário político estadual.

A senadora Teresa Leitão, uma das vozes mais influentes do PT, defendeu a antecipação da definição de apoio, reforçando a necessidade de o partido participar de uma chapa sólida, competitiva e comprometida com a reeleição de Lula. O debate interno expõe o equilíbrio delicado entre tradição, ambição e estratégia, já que o PT quer garantir protagonismo na chapa majoritária, com Humberto Costa como candidato ao Senado, sem abrir mão de influenciar a composição do futuro governo.

A complexidade se acentua com a pressão de aliados e adversários, tornando o cenário de Pernambuco uma espécie de laboratório político, onde cada movimento pode redefinir alianças e impactar resultados. Para o PT, a definição do apoio não será apenas uma escolha entre Raquel e João, mas a consolidação de sua força política e a manutenção de espaço estratégico no xadrez eleitoral.

Enquanto a legenda mantém-se “em cima do muro”, o Congresso Estadual reforçou a mensagem de unidade e diálogo, mostrando que o partido está atento à dinâmica estadual e nacional, equilibrando tradição e pragmatismo em um momento que promete ser decisivo para as eleições de 2026. A expectativa agora é de que as próximas semanas tragam sinais claros sobre o rumo que o PT escolherá, confirmando que a disputa política em Pernambuco será intensa e multifacetada, com a definição do palanque sendo o passo mais aguardado da temporada eleitoral.

O partido demonstra que, mesmo diante de incertezas, não abrirá mão de protagonismo, buscando compor alianças que consolidem sua relevância e assegurem que Humberto Costa permaneça na liderança da corrida ao Senado, ao mesmo tempo em que observa o jogo político entre Raquel Lyra e João Campos, que pode determinar o futuro da política pernambucana.

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