domingo, 9 de novembro de 2025

MARCELO GOUVEIA PERDE FÔLEGO NA AMUPE E FOCO NAS PAUTAS MUNICIPALISTAS

Por Greovário Nicolas

A liderança do presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Marcelo Gouveia, parece atravessar um período de desgaste e desarticulação. A recente audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), realizada na última quarta-feira (5), expôs de forma cristalina a perda de força política do gestor à frente da entidade. Convocada para discutir os projetos de isenção do IPVA em tramitação na Casa, a reunião teve uma presença pífia: apenas seis prefeitos atenderam ao chamado.

A audiência tratava de um tema sensível — a possível redução das receitas municipais diante da ampliação das isenções do IPVA para motoristas de aplicativo, motocicletas de até 170 cilindradas, automóveis com mais de 15 anos de uso e veículos híbridos. Marcelo, desde o início, vem soando o alarme sobre os riscos fiscais dessas medidas, cobrando do Estado um plano de compensação para as prefeituras, que dependem fortemente dessa arrecadação. Ainda assim, sua tentativa de reunir os gestores em torno de uma pauta de impacto direto sobre as finanças locais não teve eco.

Prefeitos de apenas seis cidades — Panelas, Altinho, Riacho das Almas, Belém de Maria, Barra de Guabiraba e Aliança — marcaram presença. O esvaziamento do encontro deixou evidente um enfraquecimento da capacidade de mobilização de Gouveia, que, outrora, se destacava pela habilidade de articular os interesses municipais diante do Governo do Estado e do Legislativo. Nos corredores da Alepe, o comentário era inevitável: o presidente da Amupe não conseguiu levar sequer dez prefeitos a uma audiência que tratava do bolso das prefeituras.

Nos bastidores, a leitura é de que Marcelo Gouveia, atualmente filiado ao Podemos, tem dividido seu tempo e sua energia entre as demandas da Amupe e o projeto político que pretende abraçar em 2026. A candidatura a deputado federal, já ventilada entre aliados próximos, parece ter se tornado prioridade. O próprio grupo político do gestor de Paudalho dá sinais de movimentação intensa nos bastidores, em busca de apoios e alianças que sustentem o futuro palanque.

Fontes do meio político revelam que Gouveia já teria garantido o apoio de pelo menos 15 prefeitos para sua caminhada rumo à Câmara dos Deputados. Esse esforço, embora legítimo, tem cobrado um preço alto: o distanciamento das causas coletivas que sempre foram a marca da Amupe. A entidade, que historicamente funcionou como a voz das prefeituras pernambucanas, hoje dá sinais de dispersão, com prefeitos mais preocupados com a sobrevivência política local do que com o associativismo municipalista.

A impressão geral é a de que Marcelo perdeu o timing. Enquanto o debate sobre o IPVA exige articulação técnica e política, ele tenta equilibrar dois pratos — a presidência de uma instituição que requer diálogo constante e uma pré-campanha que demanda visibilidade e tempo. O resultado é um vácuo de liderança que fragiliza a Amupe num momento em que o municipalismo enfrenta grandes desafios.

Em suma, Marcelo Gouveia parece ter trocado a mobilização pela ambição, a pauta coletiva pela pessoal. E, ao que tudo indica, o preço dessa escolha pode ser alto: a perda de prestígio junto aos próprios colegas prefeitos que, outrora, o viam como uma referência de articulação e defesa dos municípios.

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