A relação entre duas das principais lideranças da direita em Pernambuco vive um dos momentos mais delicados desde as eleições de 2022. O ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, e o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, seguem alimentando o sonho de disputar o Senado em 2026, mas já não mantêm diálogo político há meses. O impasse, que parecia passageiro, transformou-se em um divisor dentro do PL estadual. “Se estivermos unidos, podemos eleger um senador. Mas, separados, isso se torna impossível”, confidenciou a este blog um deputado estadual da legenda, que ainda tenta costurar a reconciliação entre os dois.
Nos bastidores, contudo, cresce a percepção de que tanto Anderson quanto Gilson já trabalham com alternativas caso o acordo não saia do papel. Fontes próximas ao comando do PL afirmam que Gilson Machado, desiludido com o isolamento dentro do partido, considera disputar uma vaga de deputado federal — seja pelo PL ou por outra legenda conservadora. Anderson Ferreira, por sua vez, planeja seguir o mesmo caminho, mas permanecendo na sigla que preside em Pernambuco.
O chamado “Plano B dos Ferreira” incluiria também uma reconfiguração interna da família. O deputado federal André Ferreira migraria para a Assembleia Legislativa, preparando-se estrategicamente para concorrer à Prefeitura do Recife em 2028, num movimento de fortalecimento do clã. Já o vereador do Recife, Fred Ferreira, cunhado de Anderson e André, manteria seu mandato na Câmara Municipal e seria novamente candidato a deputado estadual, ampliando sua base política na capital.
A indefinição sobre o Senado, contudo, gera apreensão entre aliados e militantes do bolsonarismo pernambucano, que veem na desunião uma ameaça à consolidação do campo conservador no Estado. Enquanto Anderson articula discretamente com prefeitos e lideranças do interior, Gilson aposta na visibilidade nacional e na relação direta com o ex-presidente Jair Bolsonaro, tentando se manter como nome viável para 2026.
Nos próximos meses, o comportamento de ambos será decisivo para o futuro do PL em Pernambuco. Se não houver um gesto de aproximação, o partido poderá entrar na eleição dividido, enfraquecendo seu poder de influência e colocando em risco um projeto que, até pouco tempo atrás, parecia sólido e vitorioso.
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