Daniel Paixão (à esquerda), um dos criadores do Ih! Alagou, participou da COP30. Foto: Divulgação
Iniciativas pernambucanas apoiadas pelo Governo do Estado marcam presença na 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém. Atuando em áreas estratégicas da inovação climática, como prevenção de desastres, resposta a emergências e proteção de ecossistemas, os projetos NoFire, IH! Alagou e Biofábrica de Corais projetam Pernambuco no cenário internacional como polo de tecnologias sustentáveis.
Fomentadas por editais da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti/PE) e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), as iniciativas reforçam o compromisso estadual com o desenvolvimento de soluções científicas de alto impacto social e ambiental, especialmente em um contexto de agravamento da crise climática global. “A presença dos projetos na COP30 simboliza uma política pública contínua de estímulo à pesquisa e à inovação. Pernambuco é um dos estados brasileiros que mais investem nessa área, impulsionando o surgimento de startups e soluções desenvolvidas em universidades e institutos locais”, destaca a secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco, Mauricélia Montenegro.
A Biofábrica de Corais, liderada pelo biólogo Rudã Fernandes, apresenta na conferência uma tecnologia voltada à recuperação de ecossistemas costeiros. A iniciativa, apoiada pelos editais Desafios.Gov e Tecnova, desenvolve técnicas biomiméticas e estruturas de regeneração capazes de acelerar a restauração de recifes degradados, fundamentais para a biodiversidade marinha e para a proteção natural do litoral contra erosões e tempestades. Os resultados já são observados em áreas-piloto do litoral pernambucano. “A COP30 é uma oportunidade de apresentar nossos avanços, incluindo os mecanismos de rastreabilidade e as novas técnicas de manejo que estamos desenvolvendo”, afirma Rudã, que busca ampliar parcerias internacionais e captar financiamento climático para expandir a atuação do projeto.
Outra iniciativa em destaque é a Arqueatec, startup responsável pelo NoFire, um retardante de chamas para combate a incêndios florestais. Em fase de certificação e com articulações internacionais em andamento, o produto é considerado uma das soluções emergenciais mais promissoras para áreas rurais e urbanas. O material atua tanto na supressão rápida do fogo quanto na criação de barreiras químicas preventivas, reduzindo o avanço das chamas e o consumo de água. “Estamos participando de um programa de aceleração do Front Tech Hub, no Reino Unido, com apoio do Governo do Estado. Por meio dessa parceria, fomos selecionados para uma vitrine internacional de tecnologias sustentáveis, com exibição do projeto em diferentes espaços da COP”, explica o químico e fundador da Arqueatec, Yago Rodrigues.
A COP30 também conta com a participação do empreendedor Daniel Paixão, criador do IH! Alagou, plataforma que utiliza dados georreferenciados e colaboração comunitária para mapear áreas de risco e emitir alertas de enchentes. A tecnologia já está em fase de testes em comunidades de Olinda e, com apoio da Defesa Civil de Pernambuco, a partir do edital Desafios.Gov, avança na construção do Sistema de Gerenciamento de Riscos de Desastres para a Região Metropolitana do Recife. Paixão ressalta que a presença na conferência reforça o protagonismo de jovens periféricos no desenvolvimento de soluções climáticas. “Estamos articulando parcerias nacionais e internacionais para ampliar nosso trabalho em Pernambuco e expandi-lo para o Nordeste e para o Brasil. As vulnerabilidades climáticas enfrentadas aqui, sobretudo relacionadas a alagamentos e deslizamentos, refletem desafios semelhantes em diversas regiões do país”, afirma.
Durante o evento, Daniel também participou do lançamento do PErifaClima, uma parceria da Secretaria Executiva de Periferias da Seduh, em conjunto com a Universidade de Pernambuco (UPE), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Rede GERA. O projeto vai atuar em 20 territórios periféricos do Estado, promovendo governança comunitária, monitoramento e educação climática, com foco na mitigação dos impactos das mudanças do clima.
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