A fala não surgiu isolada. Gilson fez um balanço da trajetória política de Raquel, resgatando sua passagem pela Prefeitura de Caruaru, onde, segundo ele, demonstrou firmeza administrativa, capacidade de comando e coragem para enfrentar problemas históricos do município. Para o ex-ministro, essas características continuam presentes no Governo do Estado, embora nem sempre sejam reconhecidas com a mesma intensidade que seriam se estivessem associadas a uma liderança masculina.
Ao mesmo tempo em que elogiou, Gilson também criticou. Apontou falhas na condução do governo estadual e destacou o afastamento da governadora de setores conservadores que tiveram papel importante em sua eleição. Ainda assim, foi justamente ao mencionar o preconceito enfrentado por Raquel Lyra por ser mulher que o discurso ganhou outro peso político e simbólico.
Nos bastidores, a declaração foi interpretada como mais do que um comentário pessoal. Lideranças e militantes da direita passaram a reavaliar a figura da governadora, reacendendo conversas e articulações que pareciam esfriadas. Para muitos, Gilson não apenas defendeu Raquel, mas lançou um sinal claro de que ela voltou ao radar de parte do campo bolsonarista.
Se a fala foi fruto de estratégia calculada, convicção pessoal ou simples provocação, o efeito foi imediato. O nome de Raquel Lyra voltou ao centro das discussões, movimentou alianças e bagunçou um tabuleiro político que parecia previsível demais.
Em Pernambuco, onde a política raramente anda em banho-maria, bastou uma frase para elevar a temperatura. E, mais uma vez, ficou claro que quem sabe a hora certa de falar também sabe a hora certa de influenciar.
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