A situação revela um problema estrutural grave: a gestão municipal acumula compromissos, executa contratos, utiliza os equipamentos entregues, mas falha no básico — pagar quem fornece. O argumento formal de que o TCE-PE não pode intervir diretamente na ordem cronológica de pagamentos não apaga o fato político e administrativo central: há empresas arcando com prejuízos enquanto a Prefeitura segue funcionando normalmente, como se o não pagamento fosse detalhe contábil.
Mais grave ainda é o impacto indireto na população. Quando fornecedores deixam de receber, o risco é claro: retração de novos contratos, aumento de preços para compensar inadimplência e, no limite, descontinuidade de serviços essenciais. No caso específico, trata-se da climatização de unidades de saúde, ambientes que atendem diariamente pacientes, idosos, crianças e profissionais que dependem de condições mínimas de trabalho.
A alegação recorrente de dificuldades de fluxo de caixa na gestão do prefeito João Campos, com gastos superiores às receitas, não pode servir de justificativa permanente para empurrar dívidas e sacrificar fornecedores. Responsabilidade fiscal não é apenas cumprir metas em relatórios, mas honrar compromissos assumidos. Quem presta serviço ou fornece produtos ao poder público não pode ser transformado em financiador involuntário da máquina administrativa.
O caso da Ventisol simboliza um alerta mais amplo: a normalização do atraso de pagamentos corrói a credibilidade da Prefeitura do Recife, afasta empresas sérias e cria um ambiente de insegurança jurídica. Governar também é pagar em dia. Quando isso não acontece, o nome é um só — calote institucionalizado.
As informações são do Blog Manuel Medeiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário