domingo, 28 de dezembro de 2025

PF CONSIDERA FORAGIDO PRESIDENTE DE INSTITUTO CONTRATADO PELO PL PARA AUDITAR URNAS

A Polícia Federal passou a considerar foragido o engenheiro Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal (IVL), após não conseguir localizá-lo para o cumprimento de mandado de prisão domiciliar expedido pelo Supremo Tribunal Federal. A ordem judicial faz parte de uma nova ofensiva determinada pelo ministro Alexandre de Moraes contra condenados nos processos que apuram a chamada trama golpista relacionada às eleições de 2022.

Rocha é um dos dez alvos da decisão assinada neste sábado (27), que determinou prisões domiciliares com uso de tornozeleira eletrônica, além da imposição de medidas restritivas. No entanto, ao chegar ao endereço informado, agentes da PF não encontraram o engenheiro, o que levou à sua imediata classificação como foragido.

Em nota, a defesa informou que foi comunicada ainda pela manhã sobre a existência do mandado. Segundo os advogados Melillo do Nascimento e Gladys Nascimento, ao tentarem contato com o cliente, Rocha afirmou que havia mudado de endereço, mas se recusou a informar o novo local de residência. Após isso, encerrou a ligação telefônica, o que inviabilizou qualquer tentativa de apresentação voluntária às autoridades.

Condenação e papel na trama golpista

Carlos Rocha foi condenado pela Primeira Turma do STF a sete anos e seis meses de prisão, em regime inicial semiaberto. Apesar de a sentença ainda não ter transitado em julgado e caber recurso, a Corte entendeu que havia risco concreto de fuga, o que motivou a adoção da prisão domiciliar como medida cautelar.

O engenheiro integrava o chamado “núcleo 4” da trama golpista, grupo que, de acordo com a Procuradoria-Geral da República, atuou na fabricação e disseminação de narrativas falsas contra o sistema eleitoral, instituições democráticas e autoridades públicas. Ao proferir o voto que embasou a condenação, o ministro Alexandre de Moraes destacou que a atuação do grupo tinha como finalidade desacreditar o resultado das eleições para tentar sustentar a permanência no poder de aliados políticos.

O Instituto Voto Legal, presidido por Rocha, ganhou projeção nacional ao ser contratado pelo Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, para realizar uma auditoria nas urnas eletrônicas utilizadas no pleito de 2022. O trabalho apresentado pelo instituto foi amplamente questionado e acabou sendo usado como base para ataques ao processo eleitoral, segundo apontaram as investigações.

Nova ofensiva do STF

Além do caso de Rocha, a Polícia Federal cumpriu outros nove mandados de prisão domiciliar, todos determinados por Moraes, com o objetivo declarado de impedir novas fugas de réus já condenados em ações penais relacionadas à tentativa de ruptura institucional.

Entre as restrições impostas aos alvos estão o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, a entrega de passaportes, a proibição de acesso às redes sociais e a vedação ao recebimento de visitas sem autorização judicial. As medidas, segundo o STF, buscam garantir a efetividade das decisões da Corte e preservar a ordem pública diante da gravidade dos crimes apurados.

Com a não localização de Carlos Rocha, a Polícia Federal deve intensificar as buscas nos próximos dias. A condição de foragido pode agravar a situação do engenheiro perante o Supremo e influenciar diretamente na análise de eventuais recursos e benefícios futuros no processo.

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