segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

VASQUES E ANDERSON TORRES NA PAPUDINHA: PRISÃO DE EX-CHEFES DA SEGURANÇA ESCANCARA BASTIDORES DO PÓS-GOLPE

A chamada “Papudinha”, unidade militar anexa ao Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, voltou ao centro do noticiário nacional ao reunir dois dos nomes mais simbólicos da cúpula da segurança pública durante o governo Bolsonaro. O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, estão custodiados no local, destinado a presos que, por razões funcionais e de segurança, não podem dividir espaço com a massa carcerária comum.

Silvinei Vasques chegou à unidade após uma operação que cruzou fronteiras e chamou atenção das autoridades brasileiras e estrangeiras. Preso na madrugada da última sexta-feira (26), em Assunção, no Paraguai, ele tentava embarcar em um voo com escala no Panamá e destino final em El Salvador. Detido antes do embarque, foi entregue às autoridades brasileiras no mesmo dia e retornou ao país pela fronteira de Foz do Iguaçu, no Paraná, sendo conduzido em seguida para Brasília.

A prisão ocorre poucos dias depois de Vasques ter sido condenado a 24 anos e seis meses de reclusão por participação no plano de tentativa de golpe de Estado. Informações preliminares apontam que o ex-diretor da PRF teria rompido a tornozeleira eletrônica e feito o trajeto de carro desde Santa Catarina até o Paraguai. Para tentar deixar o país, ele teria apresentado documentos em nome de um cidadão paraguaio que havia registrado extravio da identidade, o que levantou suspeitas imediatas e levou à detenção.

Assim como Anderson Torres, Vasques está custodiado no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, popularmente conhecido como Papudinha. A unidade é voltada, principalmente, para policiais e agentes das forças de segurança pública, tanto presos provisórios quanto condenados, e funciona como uma área separada do sistema prisional tradicional.

No caso de Anderson Torres, imagens divulgadas à época de sua prisão revelaram uma estrutura que foge completamente do padrão do sistema penitenciário brasileiro. A cela atribuída ao ex-ministro conta com cama de casal, geladeira e televisão, além de um espaço amplo. São 54,76 metros quadrados de área coberta e mais 10,07 metros quadrados destinados ao banho de sol, com possibilidade de prática de exercícios físicos em ambiente reservado e sem controle rígido de horário.

A Papudinha também dispõe de um posto de saúde próprio, com estrutura considerada robusta para padrões prisionais. O atendimento inclui dois médicos clínicos, três enfermeiros, dois dentistas, assistente social, dois psicólogos, fisioterapeuta, três técnicos de enfermagem, psiquiatra e farmacêutico, garantindo acompanhamento contínuo aos detentos.

Até o momento, as autoridades não informaram se Silvinei Vasques ocupa uma cela com a mesma estrutura atribuída a Anderson Torres ou se divide o espaço com outros presos. O silêncio sobre os detalhes da custódia reforça o clima de tensão e expectativa em torno dos desdobramentos judiciais envolvendo figuras centrais do aparato de segurança do país.

A presença simultânea de Vasques e Torres na Papudinha simboliza um capítulo marcante do pós-8 de Janeiro, reunindo, atrás das grades, dois personagens que estiveram no centro das decisões e ações que hoje são alvo de duras condenações e investigações. O caso segue sob acompanhamento do Judiciário e deve continuar produzindo impactos políticos e jurídicos nos próximos meses.

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