Silvinei Vasques chegou à unidade após uma operação que cruzou fronteiras e chamou atenção das autoridades brasileiras e estrangeiras. Preso na madrugada da última sexta-feira (26), em Assunção, no Paraguai, ele tentava embarcar em um voo com escala no Panamá e destino final em El Salvador. Detido antes do embarque, foi entregue às autoridades brasileiras no mesmo dia e retornou ao país pela fronteira de Foz do Iguaçu, no Paraná, sendo conduzido em seguida para Brasília.
A prisão ocorre poucos dias depois de Vasques ter sido condenado a 24 anos e seis meses de reclusão por participação no plano de tentativa de golpe de Estado. Informações preliminares apontam que o ex-diretor da PRF teria rompido a tornozeleira eletrônica e feito o trajeto de carro desde Santa Catarina até o Paraguai. Para tentar deixar o país, ele teria apresentado documentos em nome de um cidadão paraguaio que havia registrado extravio da identidade, o que levantou suspeitas imediatas e levou à detenção.
Assim como Anderson Torres, Vasques está custodiado no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, popularmente conhecido como Papudinha. A unidade é voltada, principalmente, para policiais e agentes das forças de segurança pública, tanto presos provisórios quanto condenados, e funciona como uma área separada do sistema prisional tradicional.
No caso de Anderson Torres, imagens divulgadas à época de sua prisão revelaram uma estrutura que foge completamente do padrão do sistema penitenciário brasileiro. A cela atribuída ao ex-ministro conta com cama de casal, geladeira e televisão, além de um espaço amplo. São 54,76 metros quadrados de área coberta e mais 10,07 metros quadrados destinados ao banho de sol, com possibilidade de prática de exercícios físicos em ambiente reservado e sem controle rígido de horário.
A Papudinha também dispõe de um posto de saúde próprio, com estrutura considerada robusta para padrões prisionais. O atendimento inclui dois médicos clínicos, três enfermeiros, dois dentistas, assistente social, dois psicólogos, fisioterapeuta, três técnicos de enfermagem, psiquiatra e farmacêutico, garantindo acompanhamento contínuo aos detentos.
Até o momento, as autoridades não informaram se Silvinei Vasques ocupa uma cela com a mesma estrutura atribuída a Anderson Torres ou se divide o espaço com outros presos. O silêncio sobre os detalhes da custódia reforça o clima de tensão e expectativa em torno dos desdobramentos judiciais envolvendo figuras centrais do aparato de segurança do país.
A presença simultânea de Vasques e Torres na Papudinha simboliza um capítulo marcante do pós-8 de Janeiro, reunindo, atrás das grades, dois personagens que estiveram no centro das decisões e ações que hoje são alvo de duras condenações e investigações. O caso segue sob acompanhamento do Judiciário e deve continuar produzindo impactos políticos e jurídicos nos próximos meses.
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