quinta-feira, 24 de março de 2011

9 MESES APÓS AS ENCHENTES, BARREIROS AINDA DEMONSTRA DESTRUIÇÃO

BARREIROS-PE
Nove meses após enchentes, escola de Barreiros ainda exibe destruição



Barreiros, a 110 km do Recife, foi uma das cidades mais atingidas pelas enchentes de junho do ano passado. A inundação atingiu 80% do município, que tem quase 40 mil habitantes. Nove meses depois, ainda falta muito para a vida voltar ao normal. A Escola Estadual Anthenor Guimarães, referência em Ensino Médio, não superou os estragos da tragédia.




Os caminhos que levam à escola não são nada fáceis. A ponte caiu, não foi reconstruída e os alunos precisam passar pelo local. O freio é na força e no equilíbrio do corpo; a descida parece mais um escorrego.

Mais à frente, foi feita uma passagem improvisada, com dois troncos de coqueiro e um compensado. Só que a madeira está estragada e pode ceder a qualquer momento. A aventura nem um pouco agradável não termina por aí. Tem uma trilha no meio do mato, cheia de curvas e escorregadia também.

O último desafio para chegar à escola é atravessar uma ponte frágil e enfrentar o medo de cair. Tudo isso para conseguir estudar. Os alunos estão revoltados, afinal, não dá para se acostumar a uma rotina dessas. “Muito difícil. É cheio de lama, chego todo sujo na escola”, conta o estudante Tarcísio Marcone, de 15 anos.




O pior é que esse trajeto é a única opção para eles e para todo mundo que mora na comunidade. “Imagina você acordar todo dia cedo para passar por isso aqui”, conta a estudante Joana D'arc, de 16 anos.

Depois de toda essa maratona para chegar ao destino, começa uma nova sequência de decepções. A enxurrada levou a maior parte do muro da escola. Ao redor, tudo acabado. Houve uma reforma logo depois da enchente, mas nem dá pra perceber. O teto é repleto de infiltrações e não oferece a mínima segurança.



Das 16 salas de aula, cinco foram desativadas. O auditório não tem condição de uso. O laboratório de ciências, que perdeu todos os equipamentos, hoje, serve de sala de professores e secretaria. Já os computadores da secretaria são trazidos todo dia pelos funcionários da escola.

“Antes da enchente, a gente tinha biblioteca, laboratório de ciências, de informática, tinha umas salas no corredor de baixo. Agora não tem praticamente nada do que tinha antes”, conta a aluna Jaqueline Correia, de 16 anos.


A biblioteca virou depósito de carteiras escolares, que estão danificadas. Os poucos livros que restaram estão armazenados numa sala que nem tem porta. A antiga secretaria não teve as telhas repostas. O local, acredite, agora serve como moradia de morcegos.

A cozinha não pôde mais ficar no mesmo lugar e veio para onde era a sala dos professores. O refeitório é, agora, apenas um amontoado de bancas. Os 309 alunos têm aula em regime semi-integral - segunda, terça e sexta, só pela manhã, quarta e quinta, o dia todo. Não faltam professores, mas a frustração é enorme.

A técnica em gestão da Escola Anthenor Guimarâes, Ana Laudemira de Farias, explicou que diversos relatórios com fotos foram enviados à Secretaria de Educação. Houve vistorias e a emissão de um parecer técnico sobre a urgência das reformas. Muitas promessas foram ouvidas, mas nada mudou.

“Eles ainda estão pensando se a escola vai ficar nesse local ou se vai para outro local, caso aconteça outra enchente. A gente não aceita. São nove meses, já deu tempo de reconstruir. É uma situação de muita indignação, na realidade já está insustentável. Esperamos por muito tempo”, conta.

De acordo com o gestor regional de Educação, Antônio Paiva de Melo, a escola está prevista pqra que seja construída em outro espaço. Ele conta que está esperando uma decisão da comunidade sobre a mudança do local.

“Ainda não foi feito nada, porque precisamos consultar a comunidade e, a partir da decisão deles, vamos fazer uma intervenção maior e vamos tomar essas providências. O dia, precisamente, eu não posso dizer. Mas a comunidade tomando a decisção, nós vamos providenciar”, explica Antônio.

No dia 20 de julho, começam as aulas do segundo semestre, na rede estadual. O prefeito de Barreiros, Antônio Vicente de Souza Albuquerque, prometeu que o acesso dos alunos ao colégio vai melhorar até o dia 25, pois será feita uma obra provisória. A prefeitura afirmou, ainda, que a tarefa de reconstruir as cidades atingidas pelas enchentes é do Governo do Estado.

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