quarta-feira, 16 de março de 2011

APOCALIPSE NUCLEAR É RISCO EMINENTE NO JAPÃO

Japão devastado // Radiação se espalha no país
Rodrigo Craveiro

Novas explosões e incêndios na usina de Fukushima aumentam risco de desastre

Brasília - Nada é tão ruim que não possa ficar pior. A expressão popular parece se encaixar à usina atômica de Fukushima Daichii, palco do mais grave desastre nuclear desde Chernobyl, em 26 de abril de 1986. Após uma explosão no reator 2 e um incêndio no reator 4, na terça-feira, a quarta-feira começou com novos problemas. Às 5h45 (17h45 de ontem), a unidade voltou a pegar fogo. As chamas foram debeladas cerca de três horas depois e afetaram a barreira externa que protege o reator. Segundo a agência de notícias Kyodo, 70% das varetas de combustível nuclear de um dos reatores sofreram danos. Indignado com a demora em ser informado sobre as explosões dos últimos dias, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, não poupou a companhia elétrica Tepco, operadora da usina. ´Que demônios se passa?`, esbravejou. A fúria do premiê faz sentido. De acordo com o Comitê de Segurança Nuclear do Japão, o nível de radiação ao redor da instalação alcançou o pico de 400 milisievertspor hora - a exposição a 100 milisieverts por ano pode causar câncer. ´A quantidade de radiação nas imediações de Fukushima aumentou de forma considerável`, admitiu Kan.

Pela primeira vez, a radioatividade foi detectada no entorno de Tóquio, a 250km de distância, ainda que por enquanto não represente riscos à saúde humana. Pelo menos 180 mil moradores de um raio de 30km da central atômica, além de 750 dos 800 operários, foram retirados ontem pela manhã da região. Classificados como heróis pelas agências internacionais de notícias, os 50 técnicos restantes tentavam, de todas as formas, resfriar as varetas de combustível nuclear usados no reator 4.

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A Tepco alertou que a água na piscina de armazenamento das varetas ´pode estar fervendo`. O comissário europeu do setor de energia, Günther Oettinger, classificou o incidente em Fukushima de ´apocalipse`. ´Acredito que é um termo bem escolhido`, declarou, ante a comissão do Parlamento Europeu em Bruxelas. ´Praticamente, tudo está fora de controle`, acrescentou ele,que não descartou a piora nas próximas horas. As autoridades japonesas recomendaram que os moradores de áreas mais próximas à usina permanecem dentro de casas, fechem portas e janelas e desliguem aos aparelhos de ar-condicionado ou aquecedores.

Especialistas consultados pelo Correio Braziliense/Diario insistem na gravidade da situação. ´A crise é extremamente séria, e existe um risco significativo de que um ou mais reatores enfrente um derretimento do núcleo e libere radioatividade na proporção de Chernobyl`, admitiu o físico nuclear Edwin Lyman, da Union of Concerned Scientists - uma organização não-governamental que trabalha para melhorar a segurança da energia atômica. Ele prevê que a eventual ruptura na contenção do reator representaria dezenas de milhares de mortes causadas pelo câncer.

"A quantidade de radiação nas imediações de Fukushima cresceu de forma considerável" Naoto Kan, primeiro-ministro japonês

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