segunda-feira, 29 de agosto de 2011

EDUARDO DA FONTE - O POVO DO RECIFE NÃO QUER MAIS JOÃO DA COSTA

Entrevista: “O povo do Recife não quer mais João da Costa”, diz Eduardo da Fonte



Por Manoel Guimarâes
Da Folha de Pernambuco

Segundo deputado federal mais votado em Pernambuco (330.520 votos) e no Recife (58.442) no ano passado, Eduardo da Fonte (PP) tem trabalhado nos bastidores por uma eventual candidatura à Prefeitura da Capital em 2012. Presidente estadual de seu partido, ele defende um entendimento entre todas as forças que vão de encontro com a gestão do prefeito João da Costa (PT). “O povo do Recife não quer mais o prefeito João da Costa. Não vamos apoiá-lo em nenhuma hipótese”, enfatiza o progressista. Embora integre a Frente Popular de Pernambuco, o parlamentar sugere ao grupo discutir a estratégia de múltiplas candidaturas, e atribui ao governador Eduardo Campos (PSB) a tarefa de “condutor maior” do processo no ano que vem. “Meu nome está à disposição da Frente Popular e de todos que entendam que o Recife merece mudar”, crava Eduardo da Fonte.

O senhor está costurando uma possível candidatura do PP à Prefeitura do Recife. Como estão as conversas?

Nós estamos construindo. Sabemos que uma candidatura majoritária não depende apenas da vontade individual do nosso partido, mas sim de um conjunto de forças políticas que a gente consiga aglutinar em torno desta proposta. Te­mos conversado bastante com alguns partidos, inclusive com o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra. Acredito que temos boas possibilidades de fazer um entendimento mais adiante. 

O PSDB está na Mesa da Unidade da oposição, e já colocou como possíveis candidatos Raul Jungmann (PPS), Daniel Coelho (PV) e os tucanos Bruno Araújo e Aline Mariano. Es­­sa aliança PP-PSDB é possível? Nós defendemos uma candidatura que consiga reunir con­dições de ganhar a eleição. Não quer dizer que o candidato terá que ser eu. É importante que a gente consiga escolher um candidato com chances reais de ganhar a eleição. Não existe mais espaço para candidatura que não tenha chances reais. É isso que a gente tem conversado, tem buscado, aglutinar com partidos que não concordem com o modo que o Recife está sendo administrado.

O senhor só seria candidato para ganhar? 
Eu serei candidato se conseguir reunir as condições políticas para ganhar a eleição. Tenho certeza que o povo do Recife quer uma mudança, não está concordando com a forma que o Recife está sendo administrado. A gente tem que ter uma administração que inove, que ouse, que trate a cidade do Recife da forma que ela deve ser tratada. Nós vamos com um projeto que represente a mudança. É isso que temos sentido nas ruas. O recifense quer mudança na forma de administrar. Não vamos apoiar o prefeito em nenhuma hipótese.

O senhor foi o segundo deputado federal mais votado no Estado e no Recife. Esses números não lhe colocam à frente dos demais pré-candidatos? 
Isso nos ajuda bastante, porque mostra a identificação que o eleitor recifense teve com o nosso trabalho na Câmara Federal. Mas o que a gente precisa é aglutinar o conjunto de forças políticas que nos dê condições de disputar a eleição, para que possamos mostrar nossas propostas ao eleitor. Agora é uma eleição para prefeito, e o Recife precisa rapidamente de propostas concretas, eficazes e que sejam pos­síveis de executar. A gente vê problemas gravíssimos que a atual gestão não está conseguindo superar, e temos que encontrar soluções rápidas e concretas para esses problemas, como o trânsito, os alaga­mentos que ocorrem quando as chuvas chegam e que mostraram o caos que a cidade se encontra. Por isso, temos que juntar esse conjunto de forças para apresentar soluções para questões que a cidade está sofrendo.

Se confirmada, sua candidatura seria precursora do tão especulado racha na Frente Popular? 
Eu separo bem a questão estadual da municipal. Nós não fomos com João da Costa em 2008 e não iremos em 2012. No entanto, fomos com Eduardo Campos em 2006 e em 2010. Uma coisa não tem a ver com a outra. Somos da base do governador e vamos permanecer nela. Mas tivemos uma posição em 2008 já de não irmos com o prefeito João da Costa. Tenho certeza que isso não interfere nesses campos.

O PP só sairá com candidatura própria se tiver o apoio do governador? 
Não deixarei com que isso interfira. O PP terá uma candidatura ou fará parte de um projeto que vá justamente de encontro à atual gestão. O PP tem um projeto e estamos trabalhando nele. Vamos continuar avançando, planejando o Recife para que possamos apresentar propostas adequadas para solucionar os problemas da cidade. Entendemos que o Recife precisa de gestão, precisa de um prefeito que tenha firmeza para tomar as decisões e que mude a forma que a cidade está sendo administrada. A gente entende e tem convicção que o Recife quer mudança. O Recife não quer mais ser administrado pela atual gestão. Quer uma nova forma de administração.

Não quer mais o PT? 
Não quer mais o prefeito João da Costa. A forma de administrar do prefeito está reprovada pela maioria da população. O que o recifense quer é uma alternativa de gestão que consiga resolver os problemas que a cidade encontra hoje no seu dia a dia.

Se o ex-prefeito João Paulo (PT) entrar na disputa, o jogo muda e o senhor passaria a apoiar o PT? 
Aí é uma questão que a gente tem que analisar quando ela acontecer. Isso é um fato que a gente não pode tratar, porque até agora não é um fato real. Mas, sem dúvida, se ele não for candidato, será um dos maiores eleitores de 2012. Não estou condenando a forma de o PT administrar. Estou condenando a forma de o prefeito administrar. Não é o partido, e sim o atual prefeito. A gente vê que falta pulso, falta iniciativa, falta gestão. Não tivemos até hoje nenhum prefeito ruim na cida­de do Recife. O primeiro que estamos vendo é o atual prefeito. Está faltando gestão, pulso para administrar o Recife. 

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