quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Após denúncia da oposição, prefeito João da Costa suspende licitação


Licitação da Fundação de Cultura para contratação de shows pirotécnicos aponta sinais de irregularidades


Pelo segundo ano consecutivo, a Fundação de Cultura da Cidade do Recife (FCCR) voltou a ser alvo de suspeitas de irregularidades às vésperas do Carnaval. Se em 2011 o problema foram os indícios de superfaturamento na compra de lonas para a decoração da festa, desta vez o foco está na contratação de shows pirotécnicos cujo processo licitatório apresenta sinais não só de sobrepreço como de favorecimento à empresa vencedora.
O caso foi levantado, nesta terça-feira (14), pela líder da oposição na Câmara Municipal, Priscila Krause (DEM). Diante dos questionamentos, o prefeito João da Costa (PT) já determinou a suspensão da licitação. A partir das informações publicadas no Portal de Compras da Prefeitura do Recife, a vereadora apontou uma elevação de 219%, em relação ao ano anterior, no valor que seria pago pela FCCR pelo fornecimento de fogos de artifício e realização de shows pirotécnicos. Comparando os dois certames, é possível constatar que a quantidade e as especificações do objeto contratado são idênticas, o que não justifica o aumento de mais de R$ 1 milhão no preço.
Neste ano, o valor homologado na ata de registro de preço – válida por 12 meses – foi de R$ 1,544 milhão contra R$ 484 mil gastos em 2011. “A PCR mudou a forma de se fazer licitação, privilegiando o pregão eletrônico argumentando que traria benefícios ao erário, mas parece que não foi o que aconteceu”, acusou Priscila.
A empresa vencedora dos sete lotes da licitação, da qual participaram quatro concorrentes, foi a Pernambuco Fogos de Artifício LTDA. O JC verificou, no entanto, que a ganhadora está sediada no mesmo endereço da empresa dona do segundo menor lance em todos os lotes do certame, a Piroex Ltda. (Minas Pirotécnica). Com matriz em Minas Gerais, a segunda colocada, conforme consta no seu site, tem filiais em várias capitais. No Recife, ela funciona na Avenida Mascarenhas de Morais, Imbiribeira.
Ao ligar duas vezes para a referida sede das duas empresas, o JC obteve informações desencontradas, mas que indicam a coincidência de endereços. Em uma das ocasiões, um funcionário confirmou que tanto a Pernambuco como a Piroex funcionavam no mesmo local. Logo em seguida, desmentiu a informação e contou que apenas a Piroex estava sediada ali. No segundo telefonema, uma funcionária disse o contrário: que a sede era apenas da Pernambuco, vencedora da licitação.
O JC também observou que as outras duas participantes da concorrência não trabalham com fogos de artifícios. A partir de dados obtidos na internet, é possível perceber que a HJ Comercio e Le Canard Empreendimentos pertencem ao ramo de combustíveis e terceirização de mão de obra, respectivamente. Além disso, chama a atenção o valor dos lances dados pelas duas empresas. Em seis lotes, cada uma repete o lance de R$ 1 milhão e R$ 5 milhões, bem acima dos preços homologados em cada uma das etapas.

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