sexta-feira, 27 de julho de 2012

MP denuncia delegados da cúpula da Polícia Civil alagoana por tortura


Uma investigação feita pelo Ministério Público Estadual (MPE) e, por enquanto, não comentada por integrantes da instituição, atinge a nova cúpula da Polícia Civil alagoana. A denúncia: crime de tortura. No centro da polêmica estariam o atual delegado-geral da corporação, Paulo Cerqueira, e a delegada Ana Luiza Nogueira, chefe da Deic, a Divisão Especial de Investigações e Capturas.
Informações confirmadas extra-oficialmente por fontes do MPE apontam que os delegados estão sendo acusados de torturar um dos presos envolvidos na morte do policial civil Anderson Lima, integrante do Tigre (Tático Integrado Grupo de Resgates Especiais), e do vigilante Aldessandro Ferreira Silva, que reagiram a um assalto a uma agência da Caixa Econômica Federal, no Centro de Maceió, no dia 12 de novembro de 2009. À época do crime, Paulo Cerqueira era diretor da Deic e Ana Luiza Nogueira presidia o inquérito policial.
Procurado pelo Tudo Na Hora, Paulo Cerqueira se disse “surpreso” com a informação, afirmou estar “tranquilo" sobre qualquer denúncia de crime de tortura e elogiou as ações comandadas pela delegada Ana Luiza Nogueira.
“Eu não ouvi ninguém nessa investigação e não presidi o inquérito. Todos os depoimentos foram colhidos pela delegada Ana Luiza, que vem fazendo um trabalho excelente na polícia. Já conversei com ela sobre isso, que me disse não ter acontecido nada desse tipo nas investigações daquele caso”, disse o delegado-geral.
“Estou tranquilo, até porque o Deic é o centro da inteligência da Polícia Civil e não precisa usar desses métodos. É preciso atenção, porque a denúncia de tortura pode ser um meio de defesa dos presos”, complementou Cerqueira, que ainda não foi comunicado oficialmente da denúncia.
As denúncias
Logo após o crime, a polícia iniciou investigações e prendeu pelo menos 15 pessoas envolvidas no assalto, incluindo um ex-policial militar. À época, alguns presos já haviam denunciado situações de abusos cometidos pela PC durante os depoimentos, o que provocou declarações de defesa do então delegado-geral da corporação, Marcílio Barenco.
“Claro que não podemos permitir excessos por parte de um policial, mas é necessário que não exista uma inversão de valores e o acusado se torne a vítima da história”, disse o delegado à TV Pajuçara, em dezembro de 2009.
Agora, o MPE encaminha à Justiça o resultado de uma investigação que teria durado um ano e comprovaria denúncias feitas pelos presos. Quatro promotores teriam participado da apuração: Mário Augusto, Elísio Murta e Sérgio Simões, tendo à frente a promotora Miryã Ferro.
Tudo Na Hora conseguiu contato telefônico apenas com o promotor Sérgio Simões, que afirmou “não se lembrar de nada sobre esse assunto”. Já a assessoria de comunicação do MPE disse que a instituição só deve se pronunciar sobre o caso nesta sexta-feira (27). O juiz Hélder Loureiro, substituto na 2ª Vara Criminal da Capital, é quem deve apurar a nova denúncia.

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