terça-feira, 28 de agosto de 2012

Eduardo faz campanha em todo Brasil

Por Sérgio Montenegro Filho
Considerado pelos aliados como o cabo eleitoral mais valioso do Estado, o governador Eduardo Campos (PSB) abandonou, enfim, a postura de articulador político de bastidores que vinha mantendo desde o período da pré-campanha e ganhou as ruas, envolvendo-se nos eventos não apenas do seu afilhado político no Recife, Geraldo Julio (PSB), mas de outros candidatos a prefeito de partidos integrantes da Frente Popular.

Neste fim de semana que passou, Eduardo deu o ar da graça em atos das campanhas de Geraldo, no Recife; Vado da Farmácia (PSB), no Cabo de Santo Agostinho; e José Queiroz (PDT), em Caruaru. E promete percorrer quase todo o Estado para ajudar seus aliados, sobretudo os que estão com a candidatura em risco. Em outros municípios, porém, o governador não pretende pisar. São locais onde há mais de um palanque ligado ao Palácio do Campo das Princesas, onde sua presença implicaria em escolher um dos lados, se indispondo com o outro e gerando desgaste à sua imagem.

Mas a presença de Eduardo Campos não tem sido solicitada apenas no interior de Pernambuco. O governador tem dividido seu tempo para cumprir uma agenda de aparições nacionais. Sempre que pode, viaja para participar em eventos de campanha de candidatos socialistas ou aliados do PSB em cidades consideradas estratégicas para seu partido. A última programação incluiu Campinas e outros quatro municípios do interior de São Paulo, além de uma visita a Cuiabá, no Mato Grosso.

Em busca de projeção para dar vazão ao seu projeto nacional em 2014 - que pode, mesmo, incluir uma candidatura presidencial, dependendo do cenário da época e da sua relação com o PT - Eduardo Campos também está mostrando a cara nos programas eleitorais gratuitos de vários candidatos do PSB pelo País afora. Uma forma de tornar-se conhecido do eleitor fora dos limites de Pernambuco.

Que o governador tem utilizado a campanha municipal para se projetar, é impossível negar. A dúvida que paira é como construirá uma candidatura em 2014 longe das bençãos dos petistas, que já entenderam o jogo e começam a olhar o socialista como futuro adversário. Isso inclui o ex-presidente Lula, cuja colaboração para o sucesso da sua gestão no governo do Estado o próprio Eduardo reconhece como fundamental. A briga entre PSB e PT no Recife, portanto, pode ter sido apenas um "esquente" para o que está por vir.

Mas política tem dessas coisas. O aliado de hoje pode se tornar - e geralmente se torna - o adversário de amanhã. O sucesso de projetos políticos de grande porte depende mesmo de planejamento e articulação prévia. Um jogo muito parecido com o de xadrez, que Eduardo Campos já demonstrou dominar muito bem.
*As colunas assinadas não refletem, necessariamente, a opinião do NE10

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