O prefeito eleito do Recife, Geraldo Julio (PSB), não esconde de ninguém que vai puxar o máximo de nomes que puder do Governo do Estado, Tribunal de Contas e outras instituições públicas com funcionários de carreira. Ontem , o socialista indicou que também convocará profissionais do mercado de trabalho, sobretudo para a composição das equipes de administração e monitoramento. Uma preocupação louvável de quem quer transformar a gestão recifense em uma estrutura que possa realizar mais, com mais eficiência e gastando menos. Porém, cabe uma pergunta: onde entra a Frente Popular e seus 14 partidos nessa construção?
A disposição demonstrada por Geraldo, de garimpar uma equipe capaz de elevar o serviço público ao patamar verificado no mercado privado, parece não andar no mesmo ritmo dos desejos dos partidos que ajudaram a elegê-lo. Enquanto o princípio da meritocracia é o primeiro critério estabelecido pelo prefeito eleito para a composição do seu futuro governo, algumas legendas assistem inertes e sem a possibilidade de apresentar opções que respondam a essa necessidade.
Um ou outro partido já indicou, na maioria das vezes nos bastidores, que tem o desejo de indicar seus chamados homens de confiança. No entanto, essa confiança, pelo visto, não sensibiliza Geraldo Julio. O socialista, preocupado em criar os mecanismos necessários para constituir um conjunto que possa tirar do papel o seu plano de governo, vai ignorando, por enquanto, a sede dos aliados por cargos na Prefeitura.
Essa equação ainda reforça o pensamento de que poucos partidos terão direito a indicar representantes para o primeiro escalão do futuro governo, deixando para as esferas inferiores a acomodação dos aliados. Nesse quadro, apenas PTB, PCdoB, PDT e talvez um PR devam assegurar espaços na elite da administração municipal.
A montagem da estrutura de monitoramento e acompanhamento (com cobrança) de metas da gestão, administrada por profissionais do mercado privado – como foi sinalizado ontem -, ainda sugere que há uma preocupação primeira de não deixar o barco (as secretarias comandadas por partidos aliados) livres ao vento. O norte, que já seria dado pelo prefeito, será acompanhado atentamente para quem possua um perfil mais político se enquadre direitinho no modelo técnico meritocrático.
Quem ingressar no primeiro escalão vai ter que provar, a todo momento, que merece seguir no bloco. O modelo, que já existe no Governo do Estado, encontrou sucesso e foi justamente Geraldo quem fez.
Blog da Folha
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