No momento em que crescem as expectativas do governo para que o Banco Central (BC) reduza os juros, o presidente da instituição, Alexandre Tombini, emite sinais de manutenção do ciclo de aperto monetário.
Para parte da equipe econômica, o retorno da inflação para a faixa abaixo do teto da meta é uma boa razão para a interrupção do ciclo de altas da Selic, a taxa básica da economia, ou mesmo do início de um processo de queda. Não é, porém, o que o mercado espera, com base nas indicações que vêm sendo fornecidas pelo BC.
As apostas são de que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 27 e 28, a Selic será elevada em mais meio ponto percentual, de 8,5% ao ano para 9%. Desde abril, quando estava em 7,25%, a Selic vem subindo.
"Há claros sinais de que o processo de normalização das condições monetárias dos Estados Unidos já se iniciou. Com isso, a perspectiva é de redução da liquidez internacional, moderação do fluxo de capitais, principalmente para economias emergentes, e encarecimento dos financiamentos externos", afirmou Tombini ao discursar no 7º Seminário Anual sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária, em São Paulo.
Ao falar de "normalização", Tombini referiu-se às expectativas de elevação da taxa de juros nos Estados Unidos e em outros países. "Conforme tenho alertado, os atuais níveis globais de liquidez e de taxas de juros fazem parte de circunstâncias muitos especiais, que tendem a desaparecer em algum momento", disse ele, em outro trecho do discurso.
Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, o discurso de Tombini ontem indica que a pressão contra a moeda brasileira continuará. "Ele disse nesta semana que vai combater o impacto da desvalorização do real na inflação. A única forma de fazer isso é com aumento dos juros", avaliou.
Como quase todos os analistas de mercado, Leal aposta em uma Selic de 9% após a reunião do final deste mês. Em outubro, conta com elevação de mais 0,25 ponto, assim como em novembro, o que, na sua avaliação, levará a Selic para 9,5% até o final do ano.
O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Vasconcelos, também participou do seminário em São Paulo. Ele ressaltou que a missão da autoridade monetária é assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda, assim como a solidez e a eficiência do sistema financeiro. Tombini afirmou também que "há muito tempo, o Brasil já dispõe de regulação e supervisão mais rigorosas que a maiorias das economias avançadas".
Meta
A presidente Dilma Rousseff disse que a inflação ficará dentro da meta neste ano, além de sustentar que o fluxo de investimentos demonstra a confiança dos investidores no país. As declarações foram dadas durante entrevista em Porto Alegre e solenidade em Osório, no litoral do Rio Grande do Sul, ontem. "A inflação no Brasil está completamente sob controle", afirmou a presidente, lembrando que a taxa de maio foi menor do que a de abril, a de junho menor do que a de maio e a de julho menor do que a de junho. Dilma ainda manifestou certeza de que a carestia deste ano ficará dentro da meta.
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