terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ansiosos somos todos, mas preocupação em excesso pode virar transtorno

Amanda MirandaDo NE10
Quem nunca ficou com medo antes de começar um novo emprego ou preocupado com as contas a pagar que atire a primeira pedra. A ansiedade - nesses e nos diversos âmbitos da vida - é um fenômeno mais comum do que se imagina. Característica natural de todos os seres humanos que, para a psicologia, ajuda a sinalizar riscos e escolher comportamentos seguros, ela pode, entretanto, tornar-se um problema. Diversos transtornos surgem da ansiedade exagerada, como pânico, fobia social e transtorno obsessivo compulsivo.


Ressecamento da pele, manchas vermelhas na região do peito e insônia já são normais para o bibliotecário José do Nascimento, 33 anos, todo fim de mês, antes de receber o salário. Conhecido como "barba branca" entre os amigos devido ao problema, ele precisou se consultar com quatro dermatologistas para descobrir que o problema, na verdade, era psicológico.

Os sintomas de José são apenas alguns dos que podem atingir pessoas excessivamente preocupadas. De acordo com a psicóloga Luciana Gropo, a ansiedade pode causar vários outros sintomas físicos e emocionais, como:
Sudorese
Aumento de batimentos cardíacos (taquicardia)
Sensação de desmaio
Falta de ar
Formigamento nos braços e nas pernas
Angústia
Pensamentos negativos
O bibliotecário diz que passou a ser muito ansioso nos últimos anos. Segundo Luciana Gropo, os transtornos de ansiedade podem começar tanto na infância quanto na vida adulta, sendo mais comuns entre as crianças o transtorno de ansiedade devido à separação e fobias específicas. "Sou ansioso por natureza. Antes das provas de triatlo; quando uma compra que faço pela internet está perto de chegar; perto da data do meu filho nascer. Quando preparo uma aula, por mais que domine o assunto, fico muito nervoso. Isso atrapalha muito", conta José.


Depois de até ficar com parte do corpo paralisado por causa da preocupação exagerada, decidiu praticar esportes e se distrair - além de sempre andar com hidratante para passar no rosto, que despela pela ansiedade. A psicóloga afirma que o controle da ansiedade está ligado às suas causas: pensamentos automáticos e percepção sobre o problema distorcidos.

É importante buscar profissionais para analisar quais foram os motivos do transtorno e quais são as terapias mais adequadas para cada pessoa. No entanto, há alguns métodos que ajudam nesse controle, como relaxamento muscular e respiração diafragmática. "O planejamento adequado do dia, em que as atividades se adequem ao tempo disponível para realizá-las, sem acumulo de tarefas, e a busca de experimentar prazer e satisfação nos afazeres diários são também condutas adequadas", explica Luciana Gropo. Um dos tratamentos muito indicados pela psicóloga é a psicoterapia cognitivo comportamental.

Se houver necessidade de usar medicamentos, a avaliação deve ser feita por um psiquiatra. Foi o caso da comunicóloga Ana Barros, 32, que desenvolveu depressão há cerca de três anos. Entre as causas da doença, estão baixa autoestima e ansiedade. Depois de consultas com um psiquiatra, que prescreveu um antiansiolítico e indicou terapia com psicólogo.

Ana afirma que percebeu o problema observando as próprias atitudes e comparando com as das outras pessoas. "Acho que é normal ficar ansioso com as mudanças. Começa assim comigo, mas, em questão de segundos, já fico com taquicardia, dor de cabeça, pico de pressão." O que mais preocupa a comunicóloga é a incerteza, tanto na vida pessoal quanto na profissional. "Não tenho capacidade de esperar as coisas acontecerem, sempre precipito tudo, o que pode me prejudicar. Uma prova é que nunca consigo me manter por muito tempo em relacionamentos porque não consigo esperar o tempo dos outros", conta. Ana deixou a terapia antes de receber alta, porém pretende voltar.

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