domingo, 8 de setembro de 2013

Hospedagens alternativas caem no gosto do brasileiro

Albergues são para jovens. Alugar um flat é para gente rica. Aos poucos, preconceitos como estes vão sendo derrubados e turistas conhecem opções diferentes dos hotéis para explorar o país

Que tal se hospedar num albergue na sua próxima viagem de férias? Ou então alugar um quarto ou um apartamento para aproveitar os dias de descanso? Além de economizar, é possível ampliar o intercâmbio cultural, já que o contato com outras pessoas é maior. Seja qual for a sua preferência, o fato é que a procura pelos serviços de hospedagem alternativa têm crescido no país. Tanto que o número de turistas estrangeiros que optam pelos albergues e campings passou de 2,4% para 4,9% nos últimos seis anos. Nesse mesmo período, as hospedagens em casas alugadas passaram de 8% para 11,9%.

No Recife, a situação não é diferente. De acordo com um levantamento da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), em 2012 5,28% dos turistas oriundos de outros países escolheram os albergues, pensões ou hospedarias. “Os hotéis continuam com a preferência, tanto dos turistas nacionais quanto dos internacionais, mas já estamos percebendo um crescimento”, pontua a diretora de estruturação de turismo da Empetur, Jane Mendonça. Para ela, o comportamento é mais frequente entre os turistas internacionais devido a fatores culturais. “Eles adquirem esse hábito (de se hospedar em albergues e afins) desde cedo.”

Apesar disso, os brasileiros não ficam para trás. “Há uns cinco anos, 90% dos turistas que se hospedavam em albergues vinham do exterior, mas hoje a balança já está equilibrada, e metade do público é brasileira”, explica Karla Souto Maior, diretora de marketing da Hostelling International, federação que reúne mais de cem albergues em todo o país. Segundo ela, a maior parte do público tem entre 18 e 35 anos. “Mas existem muitas pessoas fora dessa média que também optam pelos locais, inclusive famílias”, ressalta. Ela diz ainda que o potencial turístico e o crescimento econômico do Nordeste fazem com que a região registre um dos maiores números de credenciamento de novos albergues.

É o caso da estudante paulista Taís Lima, 21. Ela trancou a faculdade em São Paulo e decidiu viajar por todo o Nordeste. “Comecei por Maceió, fiquei um tempo em Porto de Galinhas e decidi conhecer o Recife”, comenta a jovem, que em todas as cidades optou pelos albergues. “Além de conhecer outras pessoas, eu consigo ter uma economia grande. Sempre que viajo, tento não ficar em hotéis, e procuro algum albergue ou camping”, explica, informando que gastou R$ 300 com hospedagem durante os sete dias que esteve na capital pernambucana. “É o valor de uma diária na maioria dos hotéis”, compara.

Apesar do crescimento, o diretor da Associação Brasileira de Campings (Abracamping), Luiz Edgar Tostes, diz que a demanda para o setor é sazonal. “Ela cresce bastante nas férias escolares e durante o verão, principalmente no Sul e no Nordeste, mas não estamos percebendo uma alta significativa”, diz. Ele acredita que a procura deve aumentar no próximo ano, devido à Copa do Mundo, que acontece em junho.

Oportunidade de negócio 

A procura por hospedagens baratas e confortáveis pode ser também uma boa oportunidade de negócio. A estudante Priscila Andrade, 20, cede um dos três quartos da casa onde mora com os pais, em Boa Viagem, para receber turistas. “Nós tínhamos um quarto sobrando, sem uso, e eu sempre gostei de receber pessoas em casa. Sem falar que uma boa maneira de ter uma renda extra”, comenta a jovem, que cobra R$ 72 pela diária, além de uma taxa de limpeza que custa R$ 16.

Priscila Andrade, 20, cadastrou-se no Airbnb e hoje aluga um dos quartos da casa onde mora com os pais, em Boa Viagem. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Priscila Andrade, 20, cadastrou-se no Airbnb e hoje aluga um dos quartos da casa onde mora com os pais, em Boa Viagem. Foto: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Ela conta que a procura aumentou desde abril, quando começou a receber seus primeiros hóspedes. “Todos os dias pelo menos uma pessoa entra em contato comigo”, diz, informando que já recebeu dez turistas nesse período. As negociações são feitas através do Airbnb (https://www.airbnb.com.br/), um site onde pessoas podem encontrar hospedagens alternativas em vários locais do mundo. 

De acordo com diretor do Airbnb no Brasil, Christian Gessner, em 2012 o número de brasileiros que utilizavam a rede cresceu 400%. “É um número muito expressivo, que mostra o potencial do mercado nacional”, ressalta, informando que desse total 20% das pessoas optaram por destinos domésticos, enquanto o restante dos brasileiros viajou para o exterior. Hoje, 75% dos turistas que estão hospedados no Brasil através da rede são estrangeiros, e os 25% restantes são nacionais. Rio de Janeiro e São Paulo são as cidades que registram a maior oferta de hospedagem (mais de 5 mil e 1 mil, respectivamente). No Recife, existem atualmente 300 ofertas no site.

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