Genaldi Zumba foi uma das vitórias mais surpreendentes da eleição de 2012. A união inesperada de Pedro Barbosa e Antônio de Pádua, já perto da definição das chapas, no meio do ano, criou a falsa impressão de que Nélson Barbosa com Hugo Leonardo na vice era um candidato imbatível. Acontece que a aliança feita sem combinar com o povo, a soberba, o excesso de confiança, proporcionaram o crescimento do representante da oposição, que possivelmente até para renovar o mandato na Câmara teria dificuldades.
Mas o discurso do mandioqueiro humilde, o homem do povo, pegou. E aos acertos da oposição se somaram os erros dos governistas, que menosprezaram o adversário publicamente, humilharam nos discursos e o povo não gosta disso. No final, o povo decidiu, por estreita margem, a favor de Genaldi, derrotando os doutores, os ricos de São João.
Uma coisa, porém, é a campanha, outra é o exercício do poder. Na prefeitura Genaldi Zumba manteve o discurso do mandioqueiro, mas na prática tomou atitudes comuns a qualquer coronel do interior. Isso gera desgaste e decepção por parte de algumas pessoas.
O pior erro, no entanto, do prefeito de São João, foi romper com o seu aliado de campanha José Porfírio, que todo mundo na região sabe ter sido de importância fundamental na vitória do "tostão contra o milhão".
Quando Porfírio foi a imprensa da capital e abriu a "caixa preta" da campanha eleitoral de São João, o castelo começou a ruir. Sem as denúncias do ex-secretário provavelmente o prefeito escaparia no TRE e hoje estaria sem problemas.
Porfírio tornou difícil qualquer envolvimento do governador com o caso, deixou os juízes do Tribunal Eleitoral numa posição complicada para votar a favor do prefeito, praticamente selou o destino de José Genaldi Zumba.
Nunca se deve ter como inimigo o amigo de outrora, que sabe demais. A história está cheia desses exemplos. Na história recente do Brasil mesmo temos os casos de Pedro Collor, que derrubou o irmão, de Roberto Jefferson, responsável por detonar o escândalo do mensalão e da mulher de Celso Pitta, que acabou com o mandato e a vida do marido.
Ora, se até mulher e irmão, com sentimento de vingança, apronta com o próprio sangue, imagine Porfírio, que foi apenas um aliado de ocasião de Genaldi.
Ao ser escanteado e, pior, ao tentarem manchar seu nome com a suspeita de ter desviado dinheiro da Secretaria de Saúde, o ex-secretário resolveu virar o jogo, dar o troco e se possível defenestrar Zumba da prefeitura.
Tudo indica conseguiu. José Porfírio é o maior vencedor até o momento. O prefeito terá grandes dificuldades para reverter o quadro em Brasília. Na expressão de um advogado experiente de Garanhuns "seu direito é ruim". E ainda existem outros processos em andamento, além dos documentos em poder do ex-secretário que na hora exata podem fazer a diferença.
É provável que São João tenha uma nova eleição, possivelmente em fevereiro. E aí o povo, que é soberano, poderá dar um novo rumo ao município e melhorar a imagem do município, severamente arranhada nos últimos tempos.
Roberto Almeida
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