terça-feira, 3 de dezembro de 2013

PT perde um dos "três mosqueteiros" do governo Lula

















Hylda Cavalcanti
Rede Brasil Atual

Em 2007, primeiro ano do segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, um trio passou a ser chamado, no Palácio do Planalto, como “os três mosqueteiros do Lula”. Eram eles os governadores de Sergipe, Marcelo Déda, da Bahia, Jaques Wagner, e do Piauí, Wellington Dias (hoje senador). Eles costumavam atuar como bombeiros em meio a crises políticas com os demais governadores e, principalmente, parlamentares.
Hoje, o trio foi desfeito com a morte de Marcelo Déda, tido como um dos políticos mais habilidosos em negociações e dissolução de crises, durante sua passagem pela Câmara dos Deputados e ao longo dos seus mandatos como governante – primeiro, prefeito de Aracaju, depois, governador de Sergipe.

Déda, que também foi deputado federal por dois mandatos e sempre ajudou a aparar arestas na votação de matérias emblemáticas para o país, teve um papel fundamental, quando esteve em jogo a ânsia dos colegas governadores para renegociar dívidas dos estados com a União. O ano já prenunciava uma crise na economia mundial que explodiu logo em seguida, em 2008, com o subprime no mercado de hipotecas dos Estados Unidos, e afetou vários países.

O Brasil conseguiu, com políticas de ajuste aqui e ali, manter o equilíbrio de suas contas. Mas, para chegar a isso, foi preciso muita negociação junto aos governantes que subiram nos palanques apoiando a reeleição de Lula. Boa parte deles queria alongar as dívidas, que, na época, comprometiam até 13% da receita líquida de tais administrações.

Mesmo reconhecendo que seu próprio estado poderia vir a ser beneficiado com esses refinanciamentos, Déda saiu em verdadeira cruzada nas capitais para conversar com os governadores, negociar acordos, programar almoços deles com o presidente e ministros e tratar de projetos que levassem ao desenvolvimento dos estados por outros caminhos. Na ocasião, esse trabalho, realizado por ele, ao lado de Wagner e Dias, chamou a atenção de toda a Esplanada dos Ministérios, repercutiu na imprensa e permitiu uma discussão ponderada sobre o tema.

“O assunto não pode ser resolvido sob pressão. Não há como colocar em pauta temas como esse, num momento em que é mais fácil alguém entrar na igreja e não rezar do que um governador entrar no Palácio do Planalto e não falar de dívida com o presidente. Estamos trabalhando pelo diálogo, não pelo emparedamento. Não haverá faca no pescoço do presidente Lula”, afirmou Déda, durante entrevista, em declaração reveladora do perfil do governador sergipano, que com sua performance ganhou, também, a admiração da então ministra e hoje presidenta Dilma Rousseff.

Déda costumava repelir qualquer menção ao seu nome ou dos colegas como de líder do movimento. “Queremos a expressão política de cada estado para discutir uma relação de qualidade, sem vaidades”, costumava enfatizar. Foi esse o tom que o marcou em todas as negociações de que participou no Congresso Nacional e no período em que foi governador, até ser pego de surpresa pelo câncer, em 2009.

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