Redução da natalidade colabora com diminuição de pediatras
A dona de casa Lívia Maria
Figueiredo, de 32 anos, levou a filha, Clara Gonçalves, de três anos,
para o Hospital Municipal do Valentina, no bairro de mesmo nome, na Zona
Sul de João Pessoa. A menina havia caído e sofreu um corte na cabeça,
ficando desorientada. Na unidade de saúde, foi informada de que não
havia médico pediatra para atender a criança ferida. Lívia
foi para o Complexo Hospitalar do bairro de Mangabeira e depois para o
Instituto Cândida Vargas, em Jaguaribe, e teve a mesma resposta nos dois
locais, ou seja, não havia pediatras plantonistas para o atendimento de
emergência e a criança foi amparada por um clínico geral.
O caso tem relação com a
quantidade de médicos pediatras, que está diminuindo em todo o Brasil.
Conforme dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, nos últimos dez
anos, o número de profissionais especialistas nessa área médica caiu
50%.
A Sociedade Brasileira de
Pediatria fez uma pesquisa e os resultados mostram ainda que 30% dos
casos de rotina e 43% dos atendimentos de emergência de crianças feitos
no Brasil não ocorrem através de pediatras.
De acordo com dados do Conselho
Regional de Medicina, a Paraíba tem 465 pediatras ativos em clínicas e
hospitais das redes pública e privada, sendo 327 deles só na Capital, ou
seja, 70,3% dessa quantidade cobrem uma população de 769.604 mil
pessoas; Campina Grande, a segunda maior cidade, tem apenas 92
pediatras, o que representa 19% do total para os 400.002 habitantes
daquele município. Portanto, quase 90% dos pediatras cobrem somente as
duas principais cidades do estado, que somam 1.169.606 milhão de
habitantes.
Os 46 profissionais restantes
estão distribuídos entre os outros 221 municípios do estado, que têm
população estimada em 2.744.812 milhões e são cobertos por apenas 9,89%
dos pediatras ativos na Paraíba.
Apesar da Capital concentrar a
maior parte dos pediatras, o secretário de Saúde de João Pessoa,
Adalberto Fulgêncio, confirma a redução no número desses profissionais e
reconhece que isso compromete demais a qualidade dos atendimentos. Ele
falou ao Portal Correio que está fazendo levantamentos para checar a
quantidade de médicos em todas as especialidades e a distribuição nos
hospitais municipais, para estudar formas de melhorar a distribuição de
profissionais e, consequentemente, o atendimento.
“Poucos pediatras estão se
formando. Os novos profissionais dessa especialidade cobram muito caro e
não querem entrar na rede pública. Entre as nossas propostas, está a
ampliação dos programas de residência”, diz o secretário.
Apesar das deficiências, o
Brasil tem aproximadamente 36 mil pediatras, o que representa uma média
de 18 para cada 100 mil habitantes, maior do que a recomendação da
Organização Mundial da Saúde.
A Sociedade Brasileira de
Pediatria confirma a redução na quantidade de formados nessa
especialidade, mas avalia que não é necessário aumentar o número desses
profissionais devido à queda nas taxas de natalidade do país.
Portal Correio
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