O Galo da
Madrugada anunciou, na tarde desta quinta feira (23), o homenageado
desta 37ª edição : o escritor, dramaturgo e romancista Ariano Suassuna.
Com o tema “Frevo no Auto do Reino de Ariano”, o tradicional bloco
carnavalesco desfila no Sábado de Zé Pereira (1º de março). O
presidente da agremiação, Rômulo Meneses, conta que a ideia de
homenagear Ariano não é recente. “Ano passado, André Galindo sugeriu a
homenagem. A obra dele é de grande importância para a representatividade
nordestina, dignos dessa lembrança que não é a primeira e, com certeza,
não será a última”, explica.
Sobre o tema, Rômulo é incisivo: “Todo mundo esperava que iríamos
direcionar para a Copa do Mundo como em anos anteriores. Mas, desta vez,
preferimos partir para uma temática mais regional, mais nordestina. O
Galo já fez desfiles com a temática de futebol duas vezes e, em ambas, o
Brasil perdeu a competição. Eu também não quero pegar fama de pé frio”,
brinca o presidente do bloco.
Emocionado,
Ariano encarou a escolha como um elogio. “Fiquei muito grato pela
homenagem, o Galo da Madrugada, hoje, se impõe como uma espécie de
matriz do Carnaval de Pernambuco. Fazer parte disto é mais um motivo de
orgulho para mim”, fala Ariano. “Eu já fui homenageado por escolas de
samba em São Paulo e no Rio. Eu jamais iria rejeitar ser homenageado na
minha terra”, completa, afirmando seu carinho pelo Estado, enquanto
cidadão pernambucano.
Devido a fragilidade de sua saúde, agravada pelo recente aneurisma e
infarto, no ano passado, Ariano pediu à presidência do bloco que
facilite sua presença no desfile. “Se tiver condições, eu vou”, afirma,
lembrando que precisa da autorização dos médicos para participar da
festa. E complementa com bom humor: “Eu tenho fama de folião, mas como
folião, eu sou uma desgraça”.
Ao todo, serão
30 trios elétricos, cada um com um artista local. “A principal atração
da festa é o Galo, depois os cantores. A nossa proposta é valorizar os
ritmos regionais, como frevo, maracatu, cavalo marinho, mas, cada um,
pode convidar cantores de outros estados para participar. É uma forma de
promover essa miscigenação de culturas. A ideia é enraizar o frevo em
outras culturas. Essa é a filosofia do Galo”, explica Rômulo. O
presidente afirma ainda que está em negociação com os puxadores dos
trios e, em breve, deve anunciar a grade de artistas, mas adianta um
nome: Antúlio Madureira, músico que integrou o Quinteto Armorial,
surgido no contexto do movimento criado pro Suassuna.
O cenógrafo do Galo há quase 25 anos, Ary Nóbrega, elaborou carros
alegóricos inspirados nos romances de Ariano. O abre-alas remete à
temática circense, elemento recorrente na obra do escritor, seguido pelo
carro Pedra do Reino, Carro da Cavalgada e, por fim, o Auto da
Compadecida. “Como pai coruja que sou, não consigo eleger entre
minhas obras, mas foram excelentes escolhas”, diz Ariano sobre a escolha
do romances para os carros.
Além dos carros alegóricos, a produção preparou a camisa oficial e um
CD com 20 canções em homenagem à obra do escritor. A camisa é uma
fantasia idealizada por Francisco Câmara, estilista do Galo, baseada na
arte Armorial. No álbum, participam nomes como André Rio, Luciano Magno,
Dudu do Arcodeon, Almir Rouche, Fernando Azevedo, Som da Terra,
Quinteto Violado, Josildo Sá e Maestro Forró.
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