“A gente trabalha normal, só que a gente percebeu que, com aquilo, perdeu um pouco(da blindagem).
A gente trabalha ali dentro, infelizmente a gente tem que ter o coração
meio duro, saber separar. Mas depois daquilo a gente não conseguiu, o
nosso coração amoleceu mais. A gente tratava aquilo friamente, e hoje
não”, relata Silva, ao contar na tarde nublada de sábado o cenário de
guerra que vivenciou naqueles dias, e que ainda o assombram diariamente.
Mesmo depois de décadas trabalhando com a
morte, assunto que a maioria prefere evitar, Silva relata que ninguém
poderia estar preparado para algo semelhante ao que aconteceu em Santa
Maria. “A gente não sentiu a dor que a família sente, mas a gente podia
imaginar, e um pouco você tira também. Era muito sofrimento, era muita
gente chorando, tinha gente desmaiando. Aquilo ali virou tipo uma praça
de guerra”, relembra, dizendo que a cena mais horrível daqueles dias, e
talvez de sua vida, foi o que presenciou no ginásio de esportes para
onde eram levados os corpos das vítimas.
Fonte: Terra
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