Nas praias de Maria Farinha e Mangue Seco tem gente que não dispensa o banho de mar e a cerveja ao som do brega
Wagner Oliveira - Diario de Pernambuco
Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press
As segundas-feiras já não são mais as mesmas. Elas têm gosto salgado de água do mar, cheiro de peixe assado e balanço envolvente de um brega tocado ao vivo. Em pisadas descalças na areia fina da praia, uma multidão se esbalda a preço acessível, num espaço democrático, sem muita frescura. Tem gente que nem sabe, tem gente que não quer ver por preconceito, mas o primeiro dia da semana tem cara de domingão ensolarado para aqueles que cruzam “literalmente” a porteira que dá para o mar da Praia de Maria Farinha, em Paulista, Litoral Norte da Região Metropolitana do Recife.
Foto:Paulo Paiva/DP/D.A Press
Sem lei, como diz a história, é a segunda-feira da garçonete do Bar da Graça, Alessandra Silva, 27 anos, que serve a clientela e ainda encontra tempo para dançar com o corpo colado no parceiro em meio às mesas e cadeiras amarelas. Na lista dos “fora da lei” também está Reginaldo Araújo, um cozinheiro de 53 anos que curte a folga após ser “alforriado” de um fim de semana de labuta em um buffet localizado no bairro de Setúbal, na Zona Sul do Recife. Nas cabeças inebriadas pelo balanço do brega e pela degustação da cerveja, Maria Farinha é a praia mais ensolarada do mundo às segundas-feiras.
O velho dia nacional do mau humor também encontra amantes do outro lado do Rio Timbó, na Praia de Mangue Seco, em Cruz de Rebouças, distrito de Igarassu. Mais um cenário de diversão barata e paisagem paradisíaca localizado pela equipe do Diario graças ao barco motorizado Deus é tur, conduzido por Flávio Geralmino, 33 anos.
Naquele pedaço afastado de litoral logo se descobre que o comércio de imagens congeladas é movimentado pelas mãos hábeis do fotógrafo Marcelo Paixão, um ex-cobrador de ônibus que decidiu ganhar a vida fotografando na areia da praia. Já a alegria, essa fica por conta de gente que também vem de longe, como a turma do bairro de Caixa d’Água, em Olinda. Seres dançantes pela própria natureza.
Em Maria Farinha e Mangue Seco tem casal formado por homem e mulher. Mas tem casal composto só por mulheres. O brega não escolhe os pares. Os pares é que se definem no balanço erótico que o ritmo exige. “Há três meses, começamos a tocar aqui na praia e as pessoas gostam muito das músicas que a gente canta. Além do show na praia, nossa banda se apresenta em festas particulares e até em casamentos”, adianta Lucas de Araújo, 28 anos, vocalista da banda Doce Amor. No bar ao lado, a banda Break levanta os banhistas das cadeiras. Movimenta mais uma “segunda sem lei”.
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