sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Sessenta cães e gatos aparecem mortos em uma semana em cidade do Sertão Alagoano

Suspeita é de que as mortes tenham sido provocadas por envenenamento (Crédito: Reprodução site Mais Notícias)
Suspeita é de que as mortes tenham sido provocadas por envenenamento (Crédito: Reprodução site Mais Notícias)A morte misteriosa de dezenas de cães e gatos na cidade de Pariconha, Sertão de Alagoas, direcionou as atenções da população alagoana e, em especial, da Polícia Civil, a atuação de agentes de controle de endemias e o comportamento de criadores de cabras e ovelhas no município.
Segundo a polícia, que trabalha com duas linhas de investigação, cerca de 20 casos com indícios de envenenamento foram registrados entre dezembro e início de janeiro deste ano.
Porém uma coleta de dados feita com trabalhadores do serviço de limpeza de Pariconha pela Associação Delmirense de Proteção dos Animais (Adepan), localizada no município vizinho de Delmiro Gouveia, chegou ao total de 60 cães e gatos mortos em uma semana – entre quatro e 11 de janeiro.
Baseada nessas informações, a polícia tem uma linha de investigação que apura a participação de agentes de controle de endemias do Município nas mortes. A presidente da Adepan, Miriam Silva Lisboa, conversou com moradores de Pariconha e apurou que os agentes estariam caminhando pelas ruas da cidade durante as madrugadas, espalhando veneno nas calçadas.
Uma testemunha ouvida por Miriam, e posteriormente pela polícia, também teria visto um cão sair de uma residência cambaleando e, em seguida, o animal teria caído morto no chão. A presidente da associação preferiu não confirmar, mas deu a entender que a casa era de um servidor municipal.
“O veneno foi espalhado pela cidade. Não sei se por maldade, para se livrar, para fazer uma espécie de limpeza... Não existe justificativa para isso. Mas o que queremos é que desvendem esse mistério e descubram de onde partiu essa ação, essa ordem, se foi de um servidor, de um morador, de um órgão público”, cobra.
Para Miriam, essa é a linha de investigação que a polícia deve seguir já que a maioria das mortes teria ocorrido na área urbana da cidade e não na zona rural, perto das propriedades de criação de cabras e ovelhas. “O cachorro do meu irmão morreu e ele nunca havia chegado perto de uma dessas propriedades”, argumenta.
A segunda linha de investigação é em cima do histórico de confusões entre os proprietários rurais e os donos de cães na cidade. Os bichos de estimação já atacaram por diversas vezes as cabras e ovelhas dentro das propriedades e, em situações mais graves, chegavam a matar de seis a oito caprinos em um ataque.
Segundo o chefe de operações da Delegacia de Pariconha, José Lobinho, as confusões eram resolvidas com o ressarcimento do prejuízo pelos donos dos cães, mas desde dezembro a mortandade desses animais levantou a suspeita de que os criadores rurais estariam envenenando os bichos.
Envenenamento
Segundo a Polícia Civil, garis e moradores da cidade foram os primeiros a constatar o aparecimento de cães e gatos, já sem vida, jogados nas ruas de Pariconha. Alguns até presenciaram o momento da morte. “Eles começam a babar, a tremer e depois caem no chão”, relata o chefe de operações policiais, baseado nos depoimentos. “Uns três animais foram jogados em um aterro já desativado da cidade e foram comidos por urubus. Em seguida, os urubus apareciam mortos. Por isso, tudo leva a crer que foi envenenamento”, antecipa Lobinho.
Para a polícia, outro indício de que as mortes não são causadas por um surto de doença é que Pariconha faz divisa com os municípios alagoanos de Delmiro Gouveia e Água Branca, além de outros em Pernambuco, mas nenhum deles apresentou registro da mortandade.
Os fatos levaram a delegacia da cidade a investigar, inicialmente, três servidores da Prefeitura Municipal que já trabalharam como agentes de controle de endemias, apontados como suspeitos por trabalharem manuseando veneno.
Eles foram intimados a depor e negaram o envolvimento no crime contra os animais. Agora, estão intimados alguns criadores de cabras e ovelhas para prestar esclarecimentos na delegacia na próxima semana. Testemunhas também serão ouvidas.
O prazo para a conclusão do inquérito se encerra no dia 16 do próximo mês.

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