sexta-feira, 4 de abril de 2014

Eduardo chega a um fim de ciclo

      Fim de um ciclo

Um terço dos governadores renuncia, hoje, ao mandato para disputar as eleições de outubro. De todas as despedidas a que mais chamará atenção sem dúvida será a de Eduardo Campos, que se afasta para concorrer à Presidência da República. Deixa o poder com uma marca própria, a de um bom executivo, tocador de obras, o que lhe confere o título de governador mais popular do País.

O primeiro mandato, conquistado depois da derrocada de Humberto Costa, que liderava todas as pesquisas até ver o seu nome envolvido no escândalo dos sanguessugas quando ministro da Saúde, foi exitoso por vários fatores, mas principalmente por ter cumprido a principal promessa de campanha: a construção de três hospitais no Grande Recife.

No plano político, Eduardo governou em céu de brigadeiro comandando um conjunto de forças políticas nunca visto na história de Pernambuco. Habilidoso, teve a capacidade de trazer para sua ampla base até o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), a quem derrotou quatro anos atrás.

Não sobrou, portanto, ninguém para fazer oposição. Mas esse conjunto foi se reduzindo e se dissipando na eleição do Recife, em 2012, com a derrota que impôs ao PT elegendo Geraldo Júlio prefeito.

Mais tarde, com a confirmação do seu projeto presidencial, o governador se distanciou do PT no plano nacional, rompeu com Dilma, entregou os cargos do PSB na Esplanada dos Ministérios e se afastou, consequentemente, do ex-presidente Lula, que na sua primeira gestão, de 2007 a 2010, o tratou como um filho.

Do ponto de vista administrativo, Eduardo encerra um ciclo intacto, com popularidade em alta, mas o seu voo presidencial é visto como uma grande incerteza. Se o cenário lhe for adverso, como se vê na leitura das pesquisas, poderá ter dificuldades de eleger o seu sucessor no Estado, porque uma eleição estará atrelada a outra.

Subindo nas pesquisas presidenciais, seu candidato a governador, o agora ex-secretário da Fazenda, Paulo Câmara, sobe junto. O oposto pode ocorrer também, ou seja, embicando, Câmara embica junto.

Tudo isso, entretanto, são cenários. O andar da carruagem, a partir das convenções em junho, dará o norte, para bem ou mal.

O TEMPO DIRÁ– Se a relação do governador Eduardo Campos com João Lyra, que toma posse hoje, está sem arranhões, só se saberá na realidade com o tempo que será contado a partir de agora. Como Carlos Wilson, que governou 11 meses sucedendo Miguel Arraes e criou a sua marca, naturalmente Lyra não perderá a oportunidade também para firmar um estilo, dando uma cara diferenciada à gestão

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