quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Situação de jovem que matou no trânsito é cada vez mais complicada



Polícia investiga agressão que acusado teria praticado contra uma mulher de 31 anos


Da editoria de Cidades



Prédio onde estudante universitário mora, em Casa Caiada, Olinda
Foto: Guga Matos/JC Imagem

É cada vez mais complicada a situação do estudante universitário João Victor de Oliveira Leal, 25 anos, que, alcoolizado, provocou uma colisão de trânsito que matou três pessoas, inclusive uma grávida, na noite do último domingo, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife.


Depois de ficar sem advogado de defesa, que abandonou o caso ainda na noite do crime, ontem a Defensoria Pública informou, por meio de nota, que não vai prestar assistência jurídica ao acusado, uma vez que o estudante está fora do perfil socioeconômico atendido pelo órgão.

A polícia também vai investigar um caso de agressão física que teria sido praticado por João Victor, em agosto deste ano, contra uma mulher de 31 anos, com quem o jovem teve um desentendimento. A agressão foi registrada na polícia e reforça o perfil instável do estudante, que, segundo amigos, costumava dirigir alcoolizado e, mesmo sóbrio, mantinha um comportamento irresponsável na direção.

Não bastasse a extensa ficha de infrações registradas em nome de João Victor e do veículo que o acusado conduzia no dia da colisão, chegando a ser classificado pelo corregedor do Detran, Antônio Carlos Cavendish, como um “psicopata ao volante”, amigos relataram ontem, à reportagem, situações em que o estudante chegou a por em risco a vida de colegas.

Em um dos relatos, um estudante que cursava a mesma faculdade de João Victor contou que pegou uma carona com o rapaz, mas pediu para descer do carro, diante das arbitrariedades praticadas por ele no volante. “Durante todo o percurso, ele barbarizou muito no trânsito. Na altura da Avenida Agamenon Magalhães, começou a correr, a acelerar. Eu não tive dúvida. Pedi para descer. E depois desse fato, me afastei completamente dele”, contou o estudante.

Foi em função do comportamento descrito como “sem limites e complicado” que um grupo de amigos, moradores de Casa Caiada, em Olinda, onde o acusado mora, decidiu romper a amizade com João Victor. “Era comum ele beber muito e dirigir. Muitas vezes, com a gente no carro, ele começava a fazer zigue-zague na pista, tirar as mãos do volante, agir de forma totalmente irresponsável. Por ser usuário de drogas, esse comportamento era ainda pior. Quando ele estava ‘virado’, ninguém conseguia domá-lo”, contou um colega que frequentava a casa de João Victor.

Ele disse que quando soube do acidente, entre o grupo de amigos, a percepção foi a mesma: a de que mais cedo ou mais tarde o estudante universitário iria provocar uma morte no trânsito. “Embora não tenha sido uma surpresa, confesso que fiquei chocado com a violência da colisão”, contou.

Ontem no edifício onde João Victor mora, uma pessoa que se apresentou como faxineira disse que os familiares do jovem estavam viajando. Mas, ao saber que a reportagem estava no prédio, o pai do estudante pediu, por meio do síndico, que a equipe se retirasse.

Vizinhos disseram que ficaram surpresos ao saber que o jovem foi o causador da tragédia que matou a bacharel em direito Maria Emília Guimarães, 39, seu filho de 3 anos, Miguel Neto, 3, a babá Roseane Maria de Brito Souza, 23, que estava grávida, e ainda deixou em estado grave o marido de Maria Emília, o advogado Miguel Arruda Motta Silveira Filho, 46, e a filha mais velha do casal, Marcela, 5.

CELA ISOLADA

No Cotel (Centro de Observação e Triagem Criminológica), em Abreu e Lima, no Grande Recife, onde João Victor está preso, o universitário foi colocado numa cela isolada por segurança, sob risco de ser agredido e até morto por outros presos. Ele foi transferido para a unidade no início da tarde de segunda-feira, após ter a prisão preventiva decretada em audiência de custódia.

Informações extraoficiais repassadas por agentes penitenciários afirmam que ele teria se mostrado constrangido com as mortes e ferimentos que provocou ao volante. Postura diferente da adotada após a colisão e enquanto aguardava a decisão sobre sua prisão. Segundo o advogado Carlos Queiroz, assistente de acusação e amigo da família das vítimas que acompanhou a audiência de custódia, em nenhum momento o universitário demonstrou arrependimento. Ao contrário, apresentava frieza diante do ocorrido.

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