quinta-feira, 19 de julho de 2018

Pernambucanos estão com cautela na hora de consumir



Intenção de consumo se mantém na zona negativa em julho, mesmo se tratando de um mês de férias, que normalmente está associado ao alto momento de consumir

Por: Juliana Albuquerque e Eduarda Barbosa, da Folha de Pernambuco 


Intenção de consumo das famíliasFoto: Ed Machado/Folha de Pernambuco


Mês de férias geralmente está associado ao alto consumo. No entanto, com a demora na retomada do emprego, as famílias estão tendo cada vez mais cautela na hora de gastar o orçamento já reduzido. Corroborando a informação, o índice que mede a intenção de consumo das famílias (ICF), que avalia a pretensão de adquirir novos produtos ou serviços, mensurado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), se mantém na zona negativa, abaixo dos 100 pontos, saindo de 77,6 para 76,5 pontos neste mês de julho em Pernambuco.

Ao analisar o índice, o economista da Fecomércio em Pernambuco, Rafael Ramos, acredita que a menor propensão a consumirestá ligada a um cenário bem mais adverso que no início do ano. “A demora na resposta de geração de vagas, principalmente as formais, uma maior velocidade na recuperação da produção, além de uma inflação bem mais alta em junho corroendo o poder de compras e reduzindo a renda disponível para consumo são os motivos. Além disso, há uma desaceleração das vendas do comércio e uma manutenção do período de fraco desempenho dos serviços, estão criando uma atmosfera que consegue reduzir a confiança da população, se refletindo em um maior comportamento conservador, adiando consumo e investimentos”, avalia o economista.

Depois que a renda familiar reduziu com o desemprego do filho, a pedagoga Josilene Nascimento declara que é uma das consumidoras que não pretende fazer compras em julho. “Sou adepta a comprar roupa, sapatos e agora eu parei. Percebi que o mês de julho está mais apertado financeiramente, então também estou comprando na feira do mês os alimentos necessários e fazendo a compra em atacado que é mais barato”, contou Josilene. Assim como a pedagoga, a consumidoraMichelle Prioli está dando prioridade para o necessário. “Eu já não sou consumista, isso já ajuda, e neste mês estou consumindo lanches mais baratos e segurando na compra de roupas”, disse Michelle.

Para o economista da CNC, Fábio Bentes, o desemprego é, sem dúvidas, o vilão do orçamento familiar. “As famílias estão adiando o consumo, mesmo em um mês em que ele deveria ser maior por causa das férias, para conseguir pagar os custos essenciais em um cenário em que a renda está cada vez mais achatada”, analisa. Foi o que avaliou o proprietário da loja Globo Malhas, localizada no centro do Recife. “Os consumidores estão se segurando e o desemprego é o que está refletindo na queda das vendas. Notei que no mês de julho não mudou muito no desempenho das vendas”, disse Claudjair Felix.

Empresários
Hoje a CNC divulga o índice de confiança do empresário do comércio (Icec), que vai, assim como o consumo das famílias, se manter em níveis abaixo do esperado no início do ano. “A confiança do empresário vem se mantendo em queda. Neste mês de julho ela chega a 4,3% depois do mês de junho com uma queda de 3,5%. Isso é uma prova que a confiança do empresário está corroída e deve continuar desta forma até passar as incertezas do campo eleitoral”, acredita Bentes

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