Um dia após adotar um discurso mais ameno em relação à pandemia do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro voltou a subir o tom contra governadores e prefeitos no Twitter, criticando medidas restritivas para comércio e circulação de pessoas. Bolsonaro publicou um vídeo de um homem que apontava o desabastecimento no Ceasa, em Belo Horizonte, dizendo que “a culpa é dos governadores”, que, segundo ele, querem “ganhar nome e projeção política a custa do sofrimento da população.”
“Não é um desentendimento entre o Presidente e ALGUNS governadores e ALGUNS prefeitos. São fatos e realidades que devem ser mostradas. Depois da destruição não interessa mostrar culpados”, escreveu Bolsonaro.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem afirmado que não há risco de desabastecimento. O ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, disse na Segunda-feira (30) que a logística e o abastecimento estão funcionando.
Desde a semana passada, Bolsonaro tem feito críticas a governadores e prefeitos que adotaram medidas como fechamento de escolas, comércio e shoppings. O argumento do presidente é de que os efeitos na economia da redução de circulação de pessoas pode causar danos maiores que a doença em si.
Sob pressão de seus ministros mais próximos, Bolsonaro baixou o tom nesta terça em pronunciamento em cadeia nacional de TV e rádio e colocou a preocupação com a “vida” no mesmo patamar que o “emprego”. Pediu, ainda, a união do Parlamento, Judiciário, governadores e prefeitos para enfrentar a pandemia. Diferentemente do pronunciamento feito na semana passada, porém, Bolsonaro não defendeu explicitamente o fim do isolamento social.
O discurso anterior em cadeia nacional de rádio e televisão, que foi ao ar há uma semana, teve a participação na elaboração do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, e foi considerado um “desastre” pelos principais auxiliares do governo. Na ocasião, Bolsonaro chamou a covid-19 de “gripezinha” e defendeu que as pessoas voltassem à “normalidade” em suas rotinas.
Apesar disso, este grupo receia que a virulência nas redes seguirá sob o comando de Carlos, considerado o mais radical dos filhos do presidente. O vereador é o responsável pelo chamado “gabinete do ódio”, que controla os perfis do presidente na internet, e tem estado presente em reuniões sobre a covid-19.
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