sexta-feira, 15 de maio de 2020

Sem ventilador, paciente morre roxo por falta de ar


Um paciente com covid-19 chega a uma unidade de pronto atendimento em Pernambuco. Em estado grave, precisa de ventilador – mas não há equipamento para todos. Na frente de médicos que assistem sem poder ajudar, ele morre.

Médicos locais relatam cenas como essa, em especial nas UPAs (unidades de pronto atendimento), porta de entrada para as emergências, onde pacientes ficam esperando por uma vaga em hospitais. "As UTIs de campanha até que estão conseguindo atuar no limite da capacidade, mas a gente está com gargalo muito difícil nas UPAs. Elas ficaram esquecidas", diz o médico generalista Joabe Oliveira Vasconcelos. "Não tem ventilador suficiente para todos. Já tive que escolher entre dois pacientes."

O sistema de saúde do Estado tem dado demonstrações de que não aguenta o número de pacientes na crise do coronavírus. Pernambuco teve 15.588 casos confirmados de coronavírus e 1.298 mortes até quinta-feira (14). Segundo a Secretaria de Saúde do Estado, a taxa de ocupação dos leitos de enfermaria era de 87% e a de leitos de UTI, 96%.

O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, já disse que há fila por leitos de UTI no Estado, que é "extremamente dinâmica" e pode ter, em determinado momento do dia, mais de cem pessoas. Segundo a Secretária de Saúde do Estado, "todo dia entram dezenas de pacientes e outras dezenas saem transferidos para hospitais de referência". "Além disso, os pacientes que estão aguardando, momentaneamente, a transferência para centros de referência do novo coronavírus são assistidos em unidades de saúde que geralmente contam com estrutura de salas de estabilização, inclusive com pontos de oxigênio e respiradores." A pasta informou também que em dois meses o governo abriu 1.180 leitos, sendo 551 de UTI, para pacientes suspeitos ou confirmados de covid-19.

Cinco municípios da região metropolitana de Recife tiveram quarentena decretada pelo governo do Estado, começando neste sábado (16), até dia 31 de maio.

A BBC News Brasil colheu relatos de cinco médicos sobre a difícil situação que têm enfrentado no dia a dia.

“Já vi pacientes chegando perto da morte sentados em cadeira dura durante 48 horas por falta de leito” – Joabe Oliveira Vasconcelos, 28 anos, médico generalista de UTIs e UPAs em Recife. Clique aqui e confira a matéria da BBC News Brasil na íntegra.

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