Montadora disse que o fechamento resultará na demissão de 5.000 empregados
Por Valor, com Bloomberg — São Paulo
A montadora americana Ford anunciou nesta segunda-feira que vai deixar de fabricar veículos no Brasil e encerrará as operações de suas fábricas, localizadas em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), assim como das unidades da Troller. A decisão faz parte de um novo plano de recuperação da companhia, de acordo com o presidente da companhia, Jim Farley.
Segundo a empresa, o encerramento da produção no país resultará na demissão de 5 mil empregados e um custo de US$ 4,1 bilhões - sendo cerca de US$ 2,5 bilhões em 2020 e US$ 1,6 bilhão em 2021. Nesses custos estão incluídas despesas com baixa de créditos fiscais, depreciação, rescisões e compensações, entre outros itens.
A produção em Camaçari e Taubaté será interrompida imediatamente, "mantendo-se apenas a fabricação de peças por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda". Assim, as vendas dos modelos EcoSport, Ka e T4 vão parar quando terminarem os estoques. Já fábrica da Troller em Horizonte continuará operando até o quarto trimestre de 2021.
“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, em comunicado.
De acordo com a companhia, a pandemia da covid-19 amplificou a capacidade ociosa da indústria, o que resultou em anos de perdas significativas.
A Ford manterá a sede do centro de desenvolvimento de produtos, localizado na Bahia, e o campo de provas, que fica em Tatuí (SP), além de sua sede regional para a América do Sul, localizada em São Paulo. Promete também manter a assistência ao consumidor com serviços, peças e garantia.
O anúncio, feito apenas pelo comunicado, repercutiu nas demais montadoras. “Sem uma política para o setor automotivo essas notícias vão se repetir com frequência”, disse o dirigente de uma montadora. Segundo ele, a alta carga tributária, a burocracia e a insegurança jurídica tornam o país cada vez menos interessante para novos investimentos do setor.
A notícia também deixou perplexos fabricantes de autopeças. O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos (Sindipeças), que representa cerca de 500 fabricantes, preferiu não se pronunciar. “O Sindipeças lamenta o anúncio da Ford, mas não cabe à entidade comentar decisões empresariais”, destacou, por meio de nota.
A indústria automobilística tem trabalhado com ociosidade em torno de 40% numa crise que a afeta bem antes da pandemia. Depois de alcançar o recorde de 3,8 milhões de veículos em 2012, as vendas no mercado interno declinaram para 2,5 milhões em 2015. A indústria de caminhões chegou a operar com ociosidade de 70%. Em 2017, começou a recuperação, interrompida pela pandemia.
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