Aos derrotados, cargos - Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva derrotados nas eleições de 2022 almejam uma reabilitação política no segundo escalão do governo federal. As indicações têm contemplado apoiadores do presidente, do próprio PT e de siglas como MDB, PP e PSB, que aspiram manter influência em seus estados. Os cargos de segundo escalão, especialmente as diretorias em municípios e estados, também são disputados por partidos da base do governo no Congresso e por parlamentares de siglas como PP e Republicanos, cujo apoio é cobiçado pelo Palácio do Planalto. Em alguns casos, a costura para acomodar os apoiadores de Lula superou as reivindicações de diferentes grupos.
Ex-ministro admite à PF não ter informado que portava estojo de joias - O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque admitiu em depoimento à Polícia Federal que não informou aos fiscais da Receita Federal do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, portava um estojo de joias dado por autoridades da Arábia Saudita ao Estado brasileiro. Ele afirma que só abriu a caixa no dia seguinte, no ministério, onde os itens ficaram guardados por aproximadamente um ano, em vez de terem sido entregues imediatamente ao acervo do Palácio do Planalto. O GLOBO teve acesso à integra do depoimento de Albuquerque, prestado no último dia 14. O então titular de Minas e Energia liderou um comitiva que representou o presidente da República em uma viagem ao país árabe em outubro de 2021. Na volta, um assessor dele, Marcos Soeiro, foi flagrado com um outro pacote de joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões. Como não havia sido declarado ao Fisco, o material foi retido pela Receita.
Na nova legislatura, bolsonaristas dominam redes - Além do desafio de conquistar uma base governista no Congresso, o Governo Lula 3 enfrenta um combate ainda mais desfavorável: o poder da oposição no mundo digital. O monitoramento Genial/Queest revela que deputados federais e senadores de oposição são mais influentes nas redes, produzem mais conteúdo e são mais curtidos e compartilhados do que governistas. A pesquisa mostra que, dos dez deputados com poder no ambiente virtual, oito são bolsonaristas. Nikolas Ferreira (PL-MG) lidera a lista. O único governista no “top 10” é André Janones (Avante-MG), considerado o protagonista da estratégia de rede da campanha do presidente Lula. No Senado, a oposição ao governo do PT é ainda mais forte: os dez nomes com mais força digital são os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). Entre eles estão o primeiro colocado, Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), famoso por vídeos com denúncias na internet; e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. O PL, sigla de Bolsonaro, domina o topo das listas. Seis dos dez deputados e cinco dos dez senadores são filiados ao partido. Das fileiras do PT, a primeira a aparecer no ranking é a presidente da lenda, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), na 27ª posição. Entre os senadores, o petista mais bem posicionado é Humberto Costa (PT-PE), em 14º lugar. Outros governistas bem posicionados são o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), em 12º, e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em 15º.
Reforma sindical - O projeto que propõe uma reforma no sistema sindical brasileiro deve ficar pronto em junho, com a expectativa de que seja votado no Congresso no segundo semestre. O texto tem sido aprimorado pelas centrais sindicais e pelo Ministério do Trabalho desde o começo de fevereiro. Em sua versão mais recente, prevê mandato de quatro anos para dirigentes sindicais, direito de oposição, transparência e exigência de que os sindicatos comprovem densidade para que possam funcionar. A densidade é uma medida para aferir se as entidades exercem atividade sindical de fato e leva em conta o número de sindicalizados, a participação em acordos coletivos e o tamanho da base que elas representam. A fórmula proposta atualmente soma representação (a participação da entidade em negociações de convenções ou acordos coletivos) e representatividade (número de sindicalizados), em uma proporção de 80/20. Os sindicatos sem densidade, de fachada, seriam desativados.
Tentando atrasar julgamento - A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos processos que podem levar à sua inelegibilidade no Tribunal Superior Eleitoral fez nos últimos dias diversos pedidos ao relator, ministro Benedito Gonçalves. Um deles é a oitiva de um assessor que ajudou o então mandatário a fazer uma live em agosto de 2021, na qual insinuou que hackers teriam sumido com votos seus em 2018. Além disso, os advogados também querem o laudo sobre as digitais da minuta golpista achada na casa do ex-ministro Anderson Torres. Eles avaliam que, se for mesmo inconclusivo, ajudará muito na defesa de Bolsonaro. Governo Lula acumula derrapagens - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completou três meses de gestão com falas polêmicas do mandatário, "genialidades" de ministros e uma busca para diminuir ruídos entre ministérios que nem sempre estão alinhados com o Palácio do Planalto. Aliados agora trabalham em estratégias para diminuir os ruídos, com reuniões para ligar os anúncios e falas dos ministros ao Palácio do Planalto, além de buscar reduzir a quantidade de compromissos do próprio Lula.
Queda de braço entre Globo, Meta e Google - Uma queda de braço entre Globo, Google e Meta sobre o financiamento do jornalismo é o principal entrave para o projeto de lei 2630, conhecido como PL das Fake News, uma prioridade do governo Lula. O Executivo enviou na última quinta-feira (30) ao relator do PL, deputado Orlando Silva (PC do B-SP), uma proposta de substitutivo que flexibiliza o Marco Civil da Internet ao prever punição das plataformas por conteúdo antidemocrático. Apesar de a punição das big techs ser o tema mais espinhoso da lei, a remuneração de conteúdos jornalísticos pelas plataformas é o que gera mais divisão. A Globo e os grandes veículos de mídia defendem um modelo semelhante ao implementado na Austrália em 2021, de negociação direta com plataformas por pagamento de conteúdo. A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e a Ajor (Associação de Jornalismo Digital), que reúne veículos independentes e checadores, propõem um fundo de incentivo ao jornalismo a partir da taxação das big techs. O texto do Executivo estabelece pagamento de direitos autorais a conteúdo jornalístico ao lado de música, vídeos e outros. E as big techs acham que o "fundo" é a a solução "menos pior". O financiamento ao jornalismo é prioridade da Globo, que pressionou para que o tema fosse incluído na legislação.
É um erro colocar a pauta identitária como central - O ex-presidente do Equador Rafael Correa, 59, critica a nova ênfase da esquerda latino-americana em temas identitários e morais por considerar que geram divisões e desviam o foco do que é fundamental, a discussão sobre pobreza e desigualdade. "Nem sequer resolvemos os problemas do século 18, as grandes contradições, a pobreza generalizada, a desigualdade, a exploração. E nos metemos a tentar resolver e ser vanguarda do mundo de problemas de última geração. Alguns estão na fronteira da questão moral, são polêmicos", afirma à Folha durante passagem por São Paulo. Embora identificado com a esquerda, ele admite ter posições conservadoras em temas como aborto, casamento entre pessoas LGBTQIA+ e identidade de gênero. "Se ser progressista é assinar esse checklist, não sou progressista", afirma. Presidente do Equador de 2007 a 2017, Correa veio ao Brasil a convite do PSOL e de movimentos sociais. Ele vive na Bélgica, país de sua mulher, e tem uma condenação por corrupção, em sua terra natal, que atribui à perseguição política. À distância, comanda a oposição ao presidente de centro-direita, Guillermo Lasso, alvo de pedidos de impeachment. Para Correa, a atual "onda rosa" de governos de esquerda no continente é mais heterogênea e frágil que a anterior, que o teve como um dos protagonistas.
Pec aborto - O Senado Federal arquivou, de forma definitiva, a chamada "PEC da Vida". Proposta pelo senador Magno Malta (PL-ES) em 2015, o texto buscava restringir o aborto legal no país e foi desarquivado nos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro (PL). Como a pauta já estava em tramitação havia duas legislaturas e não reuniu o apoio de um terço dos parlamentares da Casa para prosseguir, seu destino foi a gaveta, de forma permanente. A decisão consta no sistema de atividades legislativas do Senado.
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